A introdução de hoje será dedicada àqueles times que estão no topo da tabela. Aos contenders, que agora estão buscando aquelas trades específicas que só os contenders podem, e devem, fazer. E o que eu vim dizer aqui para vocês é: cuidado.
Conforme disse anteriormente nessa coluna, eu já pequei muito nisso em anos anteriores, quando era contender e busquei fazer aquelas trades de contender, pensando exclusivamente em deixar meu time mais forte para os playoffs. Especificamente, meu maior erro foi adquirir jogadores lesionados, e isso me custou muito caro.
O problema de aquirir jogadores lesionados é que você assume um risco desnecessário. Especialmente naquelas trocas em que o jogador está previsto para voltar no médio prazo (esse ano, pense em DK Metcalf, Mike Williams ou Marquise Brown), há um grande risco de que ele não volte no tempo previsto. Todo ano vemos jogadores que demoram mais a voltar do que inicialmente se pensava, e nesse ano nós já vimos isso acontecendo com Keenan Allen. Allen teve uma lesão de posterior de coxa que tipicamente deixa um jogador fora por duas semanas, mas ele demorou seis para voltar.
Reforço que isso é especialmente problemático nas lesões de médio prazo. Quando um jogador tem uma lesão que lhe deixa uma ou duas semanas fora, é ok adquirí-lo, pois na grande maioria das vezes ele retorna rápido e a lesão não nos engana tanto. A exceção é a lesão de posterior de coxa (hamstring). Essas lesões são muito imprevisíveis no que tange o tempo de cura, e são, sem dúvidas, as lesões com maior taxa de reincidência. Julio Jones foi exemplo disso em toda sua carreira: muitas vezes voltava mais tarde que o previsto de uma lesão de hamstring, e infinitas vezes viu sua posterior de coxa lesionando mais de uma vez na temporada (é a reincidência).
Além do risco do jogador demorar mais do que o previsto para voltar, você ainda assume o risco de ele não voltar 100% bem, e assim ter produção muito menor do que vinha tendo. É aí que eu já me ferrei muito, e é por isso que aconselho fortemente que você não adquira Mike Williams ou Marquise Brown, mesmo se for contender. Pode ser que tudo dê certo e eles voltem no tempo certo e jogando bem, mas há muito risco de que demorem a voltar, ou que voltem jogando mal e que você continue escalando-os como titular por mais tempo que deveria.
As lesões desses dois WRs são no pé e tornozelo (foot e ankle), e essas lesões são especialmente perigosas para receivers. Edwin Porras já disse que WRs que retornam dessas lesões tipicamente jogam bem no ano seguinte, mas que tem seu desempenho prejudicado na temporada atual da lesão. Jerry Jeudy ano passado foi um exemplo claro disso.
Mas o problema dessas “trocas de contender” vai além disso.
A importância da bye nos playoffs
É que quando você faz tais trocas, prejudicando sua temporada regular em troca de um time (nem sempre) melhor nos playoffs, você está diminuindo muito suas chances de conseguir uma bye week nos playoffs. E o benefício de uma bye nos playoffs é gigantesco, é um dos aspectos mais subestimados no fantasy.
Afinal, pressupondo que todos os times de playoffs tem qualidade igual, um time com bye nos playoffs tem 25% de chance de ganhar a liga, enquanto um time de playoff sem bye tem 12.5% de chance de ganhar a liga. É metade da chance! Muita coisa.
Pense comigo. Quando você entra numa liga de 12 times, você entra com uma chance de 8.3% de vencer a liga. Quando você vai para os playoffs sem bye, você passa a ter chance de 12.5%. É um aumento pequeno nas suas chances, de apenas 4%. Você nem mesmo dobrou suas chances de ganhar. Enquanto isso, quando você vai para os playoffs com bye, você aumenta suas chances de 8.3% para 25%. Você triplicou suas chances de ganhar.
Viu a diferença? Sem bye, você nem mesmo dobra suas chances de título, enquanto com bye você as triplica. Por isso eu digo: o maior objetivo dos times 7-0, 6-1 ou 5-2 não deve ser deixar o time mais forte possível para os playoffs, mas sim terminar no top 2 e garantir a bye.
Por isso, adquirir jogadores lesionados é tripla cilada. Pelo risco de retorno demorado, risco de desempenho pior no retorno, risco de te fazer perder a bye. E é claro que o raciocínio também se aplica a outras “trocas de contender”, como adquirir RB exclusivamente por causa de calendário bom nos playoffs.
JOGADORES PARA COMPRA
Compra da semana: Jalen Hurts, QB
Terceira vez de Hurts como compra nessa coluna na temporada. Como já disse antes, o segredo para um QB brilhar no fantasy é: ou correr muito com a bola, ou anota muitos touchdowns por jogar em ataque bom – jardas de passe é bobeira. Hurts tem os dois. Não a toa que está marcando 24.0 pontos por jogo.
Os maiores casos de QBs corredores que já tivemos na história do fantasy são Lamar Jackson e o próprio Jalen Hurts. Nos últimos 4 anos, Lamar tem média de 10.9 corridas por jogo, e Hurts na temporada passada teve 9.2. São números astronômicos, históricos no fantasy. Eis que nesse ano Jalen Hurts está com 12.8 por jogo. Preciso falar mais nada, né?
Além das corridas, os TDs estão vindo aos montes. O ataque dos Eagles é sensacional, é o 4° melhor ataque da liga por DVOA (estatística famosa que mede eficiência dos ataques) e certamente vão continuar sendo um bom ataque. A cereja no bolo é o calendário fácil: dos 10 jogos restantes para fantasy, os Eagles só pegam defesa top 10 em um deles. Por fim, é claro, a bye de Hurts já passou, é uma coisa a menos para você se preocupar.
Josh Jacobs, RB
Ao fim do ano provavelmente Jacobs será reconhecido como o maior league-winner da temporada. Já são 3 jogos seguidos com mais de 30 pontos PPR, três jogos seguidos com mais de 140 jardas corridas, três jogos seguidos em que o Raiders jogou bem (duas vitórias e uma derrota por um ponto para Kansas City). Não há motivo para os Raiders tirarem volume de Jacobs e cederem para alguém. E não acho que planejam fazer isso, pois mesmo após a bye, Zamir White continuou sendo o terceiro RB dos Raiders em número de snaps. Ou seja, a maior ameaça por snaps para Jacobs está sendo o fraco Ameer Abdullah. Jacobs é o RB de volume, de corridas na goal-line e o recebedor de passes. Isso num ataque bom, que lidera a NFL em porcentagem de drive que renderam pontos para o time.
Amon-Ra St. Brown, WR
Após 4 semanas em que Amon-Ra não pontuou bem, você consegue adquirí-lo mais barato do que nunca. Dos 4 jogos, não jogou em um, teve bye no segundo, lesionou no primeiro tempo do terceiro e teve a concussão (que na verdade descobriram que não foi concussão no quarto). O certo a se fazer, obviamente, é desconsiderar completamente essas 4 semanas e analisar somente seus três primeiros jogos. Nesses 3 jogos, sua média é de 24 pontos PPR por jogo, dois pontos inteiros a mais que a média de Justin Jefferson, o WR3 do ano em pontos feitos. Se quiser ficar 100% AmonRa-zado, é só ler o que eu escrevi sobre ele há 15 dias. Atualmente, St. Brown é meu WR7 para o resto do ano, uma prateleira acima do meu WR8. E eu tenho quase certeza que estou ranqueando-o muito baixo.
Tee Higgins, WR
Nos 5 jogos saudáveis que teve em 2022, Higgins tem média de 16.7 pontos PPR, número de WR top 10. Isso porque marcou apenas 2 TDs, o que é um número abaixo do esperado para ele, e porque jogou menos snaps que o habitual em 2 jogos que não estava 100% saudável. Nesse período, tem apenas 4 targets a menos que Ja’Marr Chase, o que é mais uma evidência de que são WR1A e WR1B dos Bengals. O mais interessante é que, finalmente, Zac Taylor está deixando Joe Burrow soltar o braço e passar muito a bola. Após 5 semanas, Taylor chegou a conclusão genial de que um time que tem um QB de elite e talvez a melhor dupla de WRs da NFL deve ser um time pass-heavy! Até a semana 5, os Bengals estavam ligeiramente acima da liga em “pass-heaviness”. Nas semanas 6 e 7, são o time mais pass-heavy da NFL. Não surpreendentemente, duas vitórias para os Bengals e média de 32.5 pontos por jogo no período. Logo, isso deve continuar.
Adam Thielen, WR
Thielen é aquela compra pouco sexy, mas que é ideal para quando você quer dar um “trade down” em WR, ou seja, ceder um WR melhor por Thielen para melhorar outra posição do seu time. Sua média até então é de 11,5 pontos por jogo, mas tem expected fantasy points de 13,0. Ele está pontuando menos do que seu volume indica pois está tendo azar no quesito touchdowns, e é azar mesmo. Ele tem 33% dos targets na endzone dos Vikings, e sempre foi um exímio marcador de TDs, coisas que indicam que ele deveria ter mais que os 2 TDs que anotou no ano. Cousins é um bom QB, e qualidade de QB é o principal preditor para um WR pontuar mais do que seu volume indica. É por isso que no ano passado Justin Jefferson e Thielen pontuaram mais do que seus expected fantasy points. Thielen no ano passado teve volume de 12,9 pontos por jogo, mas pontuou 15 por jogo. Ou seja, ele está tendo o mesmo volume que teve no ano passado. Fortíssimo candidato a regressão positiva à média.
Tyler Lockett, WR
O WR mais subestimado do fantasy está sendo subvalorizado novamente. Lockett é o WR25 em pontos por jogo na temporada. Isso foi na época em que Metcalf estava saudável, e inclui os primeiros jogos do Seahawks quando o time era incrivelmente run-heavy (agora não é mais). Agora, enquanto Metcalf estiver fora, eu vejo Lockett como um WR top 15, e quando ele voltar vejo Lockett como top 24. Ainda há a chance de Metcalf não voltar a jogar bem por não estar 100% fisicamente, o que dá uma chance real de Lockett pontuar mais que ele quando os dois estiverem em campo juntos. Aliás, no ano passado Lockett teve mais pontos por jogo que Metcalf. E nesse ano, mesmo excluindo o jogo passado quando Metcalf saiu lesionado, Lockett foi o maior pontuador da dupla.
JOGADORES PARA VENDA
Venda da Semana: Christian McCaffrey, RB
Ok, essa é uma venda arriscada. Não sabemos como CMC vai pontuar nos 49ers, se vai ser melhor ou pior que nos Panthers. Até então, uns acreditam que vai ser melhor, outros que vai ser pior. Eu, como torcedor dos 49ers, acredito que irá piorar – embora ainda seja meu RB4 para o resto do ano.
Os 49ers não passam muito a bola para RBs, razão pela qual sempre são um dos times em que RBs menos pontuam no fantasy. No ano passado, a posição de RB dos Niners foi a 2° que menos anotou pontos no fantasy. Além do fato de passarem pouco a bola para RBs, existe a questão Deebo Samuel como um ladrão de touchdowns.
Fato é que agora existem muitas bocas para serem alimentadas num ataque liderado por Jimmy Garoppolo. Não há targets suficientes para todos. Por isso, os dias de 10 targets de Christian McCaffrey (que eram regulares, e a razão de ele pontuar tanto) acabaram.
Deebo Samuel, WR
Aqui é quase uma continuação da análise sobre McCaffrey. Com CMC, Deebo certamente vai correr menos com a bola, o que lhe dá um piso e teto menores do que antes. Antigamente, Deebo pontuava quando jogava como RB (ou recebendo passe ou correndo), e pontuava quando alinhava como WR, em jogadas pensadas para ele ser a primeira leitura e receber o target com frequência. Por isso, a porcentagem de targets por snap em que alinhava como WR era muito alta. Agora, não será mais. Deebo ainda correrá com a bola, mas apenas em jogadas perto da goal-line. Na maioria do jogo, será um WR tradicional – e num time que agora tem um excesso de bocas para alimentar. Não há targets suficientes para Deebo, Kittle, McCaffrey e Aiyuk num time que ainda quer ser run-heavy. Por último, não subestimem o talento de Aiyuk. Eu não me surpreenderia se ele anotasse mais pontos como recebedor do que Deebo até o resto do ano.
Kenneth Walker, RB
Sinto que sou o único que não está hypando Kenneth Walker. E, para mim, ele inclusive é venda, até porque é amado por toda a comunidade do fantasy. Não me entenda mal, Walker é um jogador excepcional, já é um dos melhores corredores puros da NFL, mas não é um RB top 10 no fantasy. Nos três jogos desde a lesão de Rashaad Penny, Walker tem 3 targets, no total. Pontuou bem devido a uma corrida de 75 jardas e a uma média insustentável de mais de um touchdown por jogo (nenhum deles foi em corrida perto da goal-line). E, curiosamente, ele não está dominando o volume nas descidas curtas, mas sim tendo 57% delas enquanto DeeJay Dallas está tendo 43%. Estranho demais, claro, mas é o fato.
Observações rápidas:
*Tom Brady é buy-low, tenho confiança que vai melhorar.
*Jonathan Taylor ainda está acima de Austin Ekeler no meu ranking
*Joe Mixon novamente poderia ser a compra da semana, mas não quero repetir o nome dele toda semana.
*Agora, pela primeira vez em mais de um ano, estou abaixo do consenso em Darrell Henderson
*Consegui me livrar da minha última share de Clyde Edwards-Helaire. Essa semana é sua última chance
*Primeiro jogo de CeeDee Lamb com Dak foi pior que todos de Lamb com Cooper Rush. Pelo amor de Deus, Dak!
*Quem draftou Godwin e Hopkins, pode comemorar. Ambos foram acertos.
*DJ Moore vai crescer. É oficialmente compra para mim.
*Kyle Pitts para mim é o bust do ano. Ele está muito, mas muito pior do que streamar a posição.
RANKING PARA O RESTO DA TEMPORADA
Como vem sendo durante toda a temporada, o ranking de resto de temporada só fica disponível para os assinantes do BrFF. Novamente convido todos a assinar! Vale a pena. E nessa semana, como passamos da metade da temporada regular, dediquei um tempo especial ao ranking. Vem com mais mudanças que o normal!
Abaixo, segue o ranking, dividido em prateleiras (tiers)!