Menu fechado

Valor de troca e Ranking para o resto da temporada – Semana 6

Fechar trades no fantasy é uma tarefa difícil. Não é fácil chegar naquele meio-termo em que os dois lados da troca tem valor parecido e cada manager prefere um lado da troca. Admito que várias vezes saí à procura de trades, gastei muito tempo, e não consegui fechar negócio nenhum. Extremamente frustrante.

No entanto, com o passar dos anos, ganhei alguma experiência em negociação de trades de fantasy e descobri algumas dicas que me fizeram melhorar a minha porcentagem de negócios fechados dentre as negociações que tento. Na introdução do texto dessa semana e no da próxima, contarei essas dicas.

Comunicação

Começando por aquele que, sem dúvidas, é o maior erro cometido pelos managers ao buscarem trades: não estabelecer um canal de comunicação. Sem diálogo, é muito difícil fechar qualquer negócio. Eu, particularmente, nunca consegui fechar nenhuma trade somente através de propostas e contrapropostas, sem conversa.

É necessário saber exatamente o que o seu colega quer e o que ele pensa dos jogadores envolvidos na negociação: os seus e os dele. E se você insistentemente está fazendo propostas num jogador que ele valoriza muito mais do que você? Não vai ter negócio nunca. O jeito de saber isso é perguntar, seja no chat do Sleeper ou no Whatsapp, e ir conversando.

Talvez através desse diálogo você descubra que existem 3 jogadores dele que você gosta mais do que ele. Ou que existe um jogador seu que ele está doido para adquirir. Ou, melhor ainda, que ele está subvalorizando demais algum bom jogador, o que te dá a oportunidade de conseguí-lo barato.

O pulo do gato

Uma tática específica que eu uso é pedir o colega para ranquear os meus jogadores e os dele. Se eu tenho Deebo Samuel, Jerry Jeudy e Jakobi Meyers e ele tem AJ Brown, Amari Cooper e Kenny Golladay, é muito útil saber como ele ranqueia esses 6. E dificilmente o ranquamento dele será idêntico ao meu. 

Por exemplo, para mim, AJB e Cooper tem o mesmíssimo valor, mas talvez ele prefira fortemente um dos dois. Nesse caso eu vou atrás do outro. Ou talvez eu descubra através desse ranqueamento que ele prefere o meu Meyers ao Golladay dele, enquanto eu prefiro o Golladay dele. Ora, então já temos um negócio!

Dialogue!

O diálogo não só vai te ajudar a fechar mais negócios, como também pode te fazer conseguir negócios melhores. Na semana passada eu propus uma troca 2×2 na qual eu adquiria o melhor jogador dentre os envolvidos. Eu sabia que para a trade ficar equilibrada, o outro jogador que eu tinha que receber era o RB3 do meu colega, que tinha Michael Carter, Myles Gaskin e Jamaal Williams. Se eu simplesmente mandasse uma proposta na qual pedia o Carter (que para mim é o RB3 desse time, sendo o mais fraco dos 3), o outro jogador recusaria. Acontece que ele prefere o Carter aos outros 2. Mas eu dialoguei, e descobri que ele confia muito no Carter e já tinha desistido do Myles Gaskin (que por acaso era o meu favorito entre os 3). 

Ou seja, eu fechei um negócio que não fecharia (ele não aceitaria pelo Carter, mas aceitou pelo Gaskin) e acabei conseguindo um negócio que me agradou mais (eu toparia a trade se recebesse o Carter, mas receber o Gaskin foi ainda melhor). Enfim, comunique-se.

JOGADORES PARA COMPRA

Compra da Semana – DeVonta Smith, WR

Uma das estatísticas mais impressionantes que já vi na minha vida de fantasy é a seguinte: em média, WRs calouros produzem na segunda metade da temporada 150% do que produziram na primeira metade da temporada. Isso é surreal. Um aumento de produção de 50% é algo impressionante, e para termos real noção da dimensão disso, é importante colocar os números na ponta do lápis.

Se um WR tem números de 15 pontos por jogo, ele é o WR20-25 no ano. Se ele tem 50% a mais que isso, ele vira um WR3-5. É a diferença de se ter Adam Thielen ou Robert Woods para se ter Tyreek Hill ou Davante Adams. No caso do nosso DeVonta Smith, sua média é de 12.5 pontos por jogo e ele é o WR34 no ano, mas se ele tivesse 150% disso a sua média seria de 18.75 e ele seria o WR12 desse ano, com pontuação intermediária entre Justin Jefferson e Terry McLaurin.

E é por isso que DeVonta Smith é o buy da semana!

É claro que esse aumento de 50% na produção não é algo engessado, uma certeza. É apenas a média entre todos os WRs. Da mesma forma que alguns não vão chegar perto disso (alô Ja’Marr Chase), outros vão ter aumento até maior. E DeVonta Smith nos dá fortes indícios de que sua produção vai, sim, aumentar. Na verdade, eu acho que ele seria um jogador para compra mesmo ignorando o fato de ele ser calouro. Mas sendo rookie e tendo esse provável aumento de produção por sê-lo, minha vontade de comprá-lo aumenta ainda mais.

Após 5 semanas, os Eagles são o 3° time mais pass-heavy da NFL (ajustado para game-script), e a defesa medíocre lhes obriga a passar bastante. Ninguém esperava que o Eagles fosse ser tão pass-heavy, mas 5 semanas é um período longo e as tendências que se evidenciaram até aqui devem se manter ao longo do ano. E DeVonta é o notório WR1 desse time, com 23% de target share e 41% de air yards, nos seus primeiros 5 jogos da carreira! O preço de DeVonta me parece ser em torno de WR27-30, e no meu ranking ele é o WR23, com potencial para muito mais.

Patrick Mahomes, QB

Eu draftei zero Patrick Mahomes (pois ele custava muito mais caro que os outros QBs top), mas agora estou tentando adquirí-lo. Por que? Três motivos. O primeiro, e mais importante, é a defesa fraca de KC. No ano passado, os Chiefs ganhavam os jogos muito rápido, e isso fazia Andy Reid tirar o pé do acelerador e Mahomes passar menos. Correr com a bola então, era um risco desnecessário. Nesse ano, os Chiefs têm um defesa terrível e Patrick será obrigado a passar muito todo jogo, o que aumentará sua produção. 

O segundo motivo é a sua produção corrida: antes Mahomes não precisava se arriscar e usar o recurso de correr com a bola, mas nesse ano precisa. Assim, sua melhor temporada correndo na carreira lhe rendeu 308 jardas e 2 TDs, e nesse ano ele está encaminhando para ter mais de 450 jardas e 3 TDs. O terceiro motivo é o preço. Se no draft Mahomes custava muito mais caro que todos os outros QB, agora o preço é muito parecido, ou até menor que o de alguns. O jogo ruim no Sunday Night pode ter assustado alguns managers.

Elijah Mitchell, RB

Os 49ers tem um dos melhores ataques terrestres da liga, e esse único motivo é suficiente para valorizar, corretamente, os RBs do time. Não é a toa que, no draft, Mostert e Sermon tinham ADP de RB27 e RB28, quando se esperava que a divisão de snaps seria 50% para cada um. Bom, agora nós sabemos que esses dois estão fora da disputa e o RB1 do time é Elijah Mitchell, que tem média de 64% dos snaps nos 3 jogos em que jogou. Na semana 5, com Sermon e Mitchell saudáveis, Mitchell jogou 68% dos snaps e Sermon jogou 3%. Como explicar Mostert e Sermon sendo draftados naquelas posições sob a suposição de 50% dos snaps e Mitchell ser valorizado de forma similar apesar de estar jogando 65%? Eu não vejo explicação, até porque Jeff Wilson não me assusta. O valor de Mitchell está simplesmente errado.

Tony Pollard, RB

O ataque terrestre dos Cowboys está sendo uma das surpresas da temporada (ver a venda da semana logo abaixo), e é plenamente capaz de suportar 2 RBs. Por isso, mesmo jogando ao lado de Zeke nos 5 jogos, Pollard tem média de 11.7 pontos por jogo e é o RB23 no ano. Números razoáveis. Mas o verdadeiro motivo de eu querer comprar Pollard é a possibilidade de Elliott perder jogos. Nesse caso, Pollard jogaria mais de 85% dos snaps (jogou 90% quando substituiu Zeke em 2020) e seria melhor para o fantasy do que o próprio Zeke é atualmente jogando seus 70%. Na verdade, os únicos RBs que eu preferiria a um Pollard-sem-Zeke são McCaffrey e Derrick Henry. E a chance de Zeke perder jogos é alta: no ano passado, dentre os 12 RBs draftados mais alto, apenas 2 não perderam jogos.

Calvin Ridley, WR

Ridley só não foi o buy dessa semana porque eu já tinha escrito sobre ele na semana passada. E desde então, nada mudou, exceto o seu preço que deve ter diminuído após perder a semana 5 e estar atualmente em bye. É uma compra urgente, por isso repito o que disse na semana passada: 

Ridley atualmente tem 10.2 targets por jogo (6° na NFL), 26.4% de target share (12° na NFL) e é o 6° na NFL em air yards. Esses números me dão confiança absoluta em dizer que ele termina o ano como WR top 10. Além disso, é o WR5 em Expected Fantasy Points. Sinceramente, o que falta pra ele pontuar bem é converter algumas bolas bolas longas e TDs que por pouco não aconteceram, mas ainda virão. 

Por fim, podemos desconfiar de uma mudança no esquema dos Falcons: nas semanas 1 a 3, a média dos passes de Matt Ryan viajou 5.9 jardas aéreas, mas na semana 4 esse número foi de 12.1. O que é interessante é que o ataque de Arthur Smith em Tennessee se aproximava mais do segundo número. A ver se essa tendência se mantém, mas desconfio que sim. Até porque a narrativa de que Matt Ryan está jogando mal é um pouco exagerada: os Falcons tem média de 24 pontos por jogo nas últimas 3 semanas, e Ryan está avaliado pelo PFF com nota de 74, que é uma nota ligeiramente acima da média.

Outros jogadores para compra:

Chase Edmonds (era RB12 até a semana 4 mesmo sem marcar nenhum TD; jogou semana 5 lesionado e por isso foi mal); Stefon Diggs (ele é meu WR3 para o resto do ano, certeza de melhora por vir); Keenan Allen (volume absurdo de targets desde a chegada de Herbert); Diontae Johnson (já era top 3 em volume entre todos os WRs da liga, agora JuJu fora da temporada); AJ Brown (muito talentoso para não ter muitos targets e muita produção); Adam Thielen (clássico exemplo de compra na baixa, vem de dois jogos ruins, mas um ano decente); Kenny Golladay (Giants muito pass-heavy e ele estava jogando bem antes de se lesionar); Darren Waller (é um WR top 12 que você escala como tight end); Logan Thomas (Curtis Samuel não deve ser relevante esse ano, Logan nunca bloqueia).

JOGADORES PARA VENDA

Venda da Semana – Ataque de passe do Dallas Cowboys

Quando fui elencar meus jogadores dessa semana para venda, percebi que dos 12 jogadores que coloquei, 4 eram do ataque de passe dos Cowboys. São eles, em ordem decrescente de urgência de venda: Dak Prescott, Amari Cooper, Dalton Schultz, CeeDee Lamb.

O motivo é que após 5 jogos nós já podemos perceber que erramos sobre o ataque dos Dallas Cowboys nesse ano. Não que seja um ataque ruim, ele é excelente. Mas não chega nem perto de ser tão pass-heavy quanto nós pensávamos que seria. E os jogadores do Cowboys eram todos muito caros (Dak QB5, Lamb WR12, Cooper WR13, Gallup WR45), e não conseguirão fazer valer o seu preço caso o ataque de passe não tenha tanto volume.

E é por isso que o Ataque de Passe dos Cowboys é a venda da semana!

Tudo começa pela defesa. A expectativa era que a defesa fosse péssima e obrigasse Dak a passar tanto quanto passou no ano passado, no entanto, a defesa se mostrou ser razoável, o que permite que o ataque do time seja bem balanceado entre passes e corridas. E, sendo sincero, o time está tendendo mais para o lado run heavy que para o pass-heavy. É o 20° time mais pass heavy da liga (ajustado para game-script) até a semana 5. 

Nos últimos 4 jogos, a média de Dak Prescott é de 241 jardas de passe (para referência, 18 times tem média maior que isso no ano). E o pior é que está dando muito certo! O ataque está voando, mais de 40 pontos nos dois últimos jogos e record de 4-1, o que me faz achar difícil que volte a ser o ataque pass-heavy que vimos em 2020.

Quanto a Dak, também me preocupa o fato de ele estar correndo pouquíssimo com a bola. Nunca na carreira ele teve menos de 277 jardas nem 3 TDs corridos no ano, e seu ritmo atual é terminar com 192 jardas e 0 TDs. Quanto a Amari e Lamb, também me preocupa o fato de que Dak está dividindo bem os targets do time, sem forçar o jogo nos dois. Quanto a Schultz, também me preocupa o retorno do subestimado Michael Gallup, que deve superar o TE como a terceira opção de passe do time.

Marquise Brown, WR

Hollywood Brown está sendo um dos WRs mais eficientes do ano. As bolas longas de Lamar Jackson estão conectando numa frequência espetacular. Mas isso é algo imprevisível, há muita sorte envolvida. Prova disso é Josh Allen e Stefon Diggs: no ano passado, o passer rating de Allen em passes longos para Diggs foi o melhor da liga, a conexão foi incrível; nesse ano, a conexão está péssima e o passer rating passando para Diggs é pior do que para Sanders e Knox. 

Enfim, Marquise vai regredir em eficiência e sua produção vai cair. Quanto? Bom, meu melhor palpite é que regrida para algo parecido com seu volume em Expected Fantasy Points (que avalia o volume levando em conta que targets longos valem mais que curtos), que atualmente é o 27° melhor da liga. O retorno de Rashod Bateman também preocupa. Marquise é meu WR30, e me parece ser frequentemente valorizado como WR20.

DeAndre Hopkins, WR

Kliff Kingsbury conseguiu implementar seu tão sonhado ataque spread com 4 WRs produtivos. O TE também está recebendo targets e os RB também. Ótimo para os Cardinals, péssimo para Hopkins, que agora está enfrentando competição altíssima por targets. Hopkins está com média de menos de 7 targets por jogo, o que é um número absurdamente baixo. Para referência, dizemos que 120 targets (7.5 por jogo) é o número chave para falarmos que o WR deve ser top 20 no ano. Hopkins ainda deve ser eficiente com seus targets, eles devem aumentar um pouco e ele marcará muitos TDs, por isso é meu WR8. Mas a maioria dos managers aceita Hopkins por Keenan Allen ou por Calvin Ridley, e eu prefiro um desses dois a D-Hop sem pensar duas vezes.

Outros jogadores para venda:

Antonio Gibson (Gibson é irrelevante no ataque de passe do WFT, é um RB unidimensional num ataque ruim); Jonathan Taylor (outro RB unidimensional que joga menos de 55% dos snaps); Chris Carson (muita imprevisibilidade com essa lesão, eu já queria vendê-lo mesmo antes dela); Melvin Gordon (a expectativa sempre foi que Javonte cresceria na segunda metade, estamos chegando lá); Ja’Marr Chase (pouquíssimos targets por jogo mesmo com Higgins sem jogar em 2 jogos); Antonio Brown (Gronk voltando, muitas bocas para alimentar no ataque de Tampa).

RANKING PARA O RESTO DA TEMPORADA

Abaixo segue o Ranking para o Resto da Temporada, dividido em prateleiras (tiers)!

https://docs.google.com/spreadsheets/d/13f2HXzXVqgOh6CQmT5tEBWfcDOI8doOOGE_q1u7FaDc/edit?usp=sharing