Menu fechado

Calouros com chance de bust no Dynasty

Escrever sobre busts é uma missão traiçoeira. São muitas variáveis, muita imprevisibilidade… é difícil acertar tudo. Lembro que no ano passado fiz um texto sobre busts para ligas redraft e tive bons acertos, como Mark Ingram e Leonard Fournette, mas cometi o disparate de colocar Stefon Diggs como bust! Desculpem-me, leitores. 

O que me preocupava em Diggs era que ele tinha John Brown e Cole Beasley competindo por targets, nunca tinha treinado com Josh Allen (por ser novo no time e a pré-temporada ter sido pandêmica) e que o Bills tinha passado para apenas 3089 jardas no ano anterior. Bons motivos, até. Mas eis que o Bills tem o maior aumento de jardas de passe de uma temporada para outra da história (3089 para 4544) e o jogador que eu apontei como bust acaba se tornando uma das melhores surpresas da temporada.

E é por isso, por tanta imprevisibilidade, que eu não tenho a pretensão de acertar tudo nesse texto. E nem quero que você o leia e automaticamente adicione esses jogadores na sua lista de “não-draftáveis”. O que eu quero aqui é expor os motivos pelos quais esses jogadores me preocupam e, com isso, fazer com que você repense sua avaliação sobre eles, talvez jogando-os para baixo no seu ranking.

Por fim, nem todos os candidatos a bust são iguais. Alguns desses jogadores abaixo são calouros que eu jamais me vejo draftando, enquanto outros são apenas jogadores que eu gosto menos do que é o consenso. Para te ajudar a entender qual é qual, eu escrevi qual a chance de eu draftar cada um deles (baixa, muito baixa, extremamente baixa ou quase impossível), e assim você fica sabendo o quanto eu estou evitando cada um. Agora, vamos aos busts:

Mac Jones, QB, Alabama

Acho importante começar dizendo que não acho, na vida real, Mac Jones um prospecto tão ruim quanto o público parece achar. Aliás, já perdi as contas de quantas vezes li jornalistas americanos dizendo que os times da NFL valorizam muito mais Jones do que o público de casa. No entanto, Mac ainda é só o meu QB5 na vida real, e um jogador que evitarei em rookie drafts.

O motivo é que o teto de fantasy para QBs não-móveis é muito baixo. Prova disso é que nas ligas redraft de 2021, nenhum dos 10 QBs com ADP mais alto é uma estátua de pocket. Os dois melhores pocket passers em fantasy para 2021 são Tom Brady e Matt Ryan, que estão com ADP de apenas QB11 e QB15, respectivamente.

Assim, o teto absoluto para Mac Jones é ser um QB2 alto, e, sinceramente, eu acho muito improvável que ele chegue perto desse teto. Sem falar na possibilidade razoável de ele ser bust na vida real e nunca se firmar como starter na NFL. Ou seja, com Mac Jones você está assumindo um risco duplo – bust na vida real ou apenas um QB pouco produtivo em fantasy – e um teto baixo.

Chance de eu draftá-lo: muito baixa. Porém, Jones está custando muito barato (pois o mundo inteiro acha que ele é bust) e pode se tornar um 49er e jogar num esquema perfeito. Se ele cair muito nos rookie drafts, quem sabe?

Trey Sermon, RB, Ohio State

Trey é um daqueles running backs que fazem um pouco de tudo e está sendo considerado sleeper por muitos, que o veem como um dos poucos RBs dessa classe com chance de virar um every-down back. Porém, numa era em que comitês de RB são a regra, eu acho muito improvável que algum time o dê essa chance. Afinal, atualmente, os únicos RBs que se tornam esses bell-cow são aqueles realmente espetaculares, os que fazem a diferença. Os times não se sentem confortáveis em dar um backfield inteiro para um RB que é apenas ok.

É melhor negócio ter um comitê de RBs que se complementam (um corredor pesado e um recebedor leve) do que ter apenas um RB como Sermon, que é pior correndo do que um corredor puro e pior recebendo do que um recebedor puro. E os times da NFL sabem disso, tanto é que os bell-cow estão desaparecendo. 

Apesar disso, todo ano os jogadores de Dynasty se empolgam com um jogador com esse perfil de faz-tudo, mas que simplesmente não tem o talento para se tornar starter – nem bell-cow – na NFL. Ano passado foi Zack Moss, que hoje é um backup abaixo da média no Bills. Esse ano é Sermon.

Chance de eu draftá-lo: baixa. Muitos estão dando reach por ele e o veem como sleeper. Eu não estou evitando-o a todo custo, mas ele está custando caro.

Chuba Hubbard, RB, Oklahoma State

Se você acompanha College, provavelmente lembra o nome de Chuba Hubbard (até porque é um nome fácil de lembrar). Ele teve 2094 jardas corridas e 21 TDs em 2019 e foi um dos jogadores mais marcantes daquela temporada de College. No entanto, não se deve automaticamente supor que um jogador produtivo na universidade será produtivo no fantasy, e esse é o caso de Hubbard.

Afinal, o perfil de Chuba é um perfil que não tem muito valor no nosso game. Ele é um bom corredor, mas não oferece nada como recebedor e é fraco na proteção de passe. Ou seja, é um jogador que, provavelmente, não estará em campo nas terceiras descidas e um jogador com esse perfil perde muito valor no PPR e, mesmo no standard, perde um pouco.

Logo, estamos diante de um jogador cujo teto é se tornar um Jordan Howard ou um Sony Michel no fantasy. E o seu chão é nem mesmo se firmar como um corredor acima da média na NFL, e acabar nunca sendo usado. 

Chance de eu draftá-lo: muito baixa. Hubbard é o RB que eu mais estou evitando, mas RB é a posição em que o landing spot importa mais. Logo, nunca se deve evitar completamente um RB antes de saber seu landing spot. E se ele acaba caindo num time sem RBs?

Kadarius Toney, WR, Florida

Toney é muito melhor como atleta do que como wide receiver. Ele jogou como QB no high school (ganhando bolsa de QB em Florida), e depois jogou como Wildcat QB e RB no College, antes de se tornar WR em tempo integral. Ele só foi produtivo como WR na sua última temporada na universidade, e mesmo nesse ano, não se mostrou um WR lapidado para jogar nos profissionais. Na verdade, seu pior defeito é como corredor de rotas, e talvez nesse aspecto ele seja o pior entre todos os WRs projetados até o terceiro round do draft

No entanto, ele está projetado para sair no fim da primeira rodada. O motivo é que ele é o jogador mais ágil do draft inteiro, então o potencial para se tornar um ótimo corredor de rotas está ali. Além disso, talvez também seja o melhor WR da classe após a recepção. 

Por isso, algum time irá se apaixonar com ele e draftá-lo cedo. Mas no fantasy você não deve fazer isso, pois um jogador com o perfil de Toney tem muita probabilidade de ter um volume baixo. Kadarius não corre boas rotas, então é impossível que um time confie nele para lhe dar 100 targets numa temporada, não antes que ele melhore nas rotas.

Chance de eu draftá-lo: baixa. Kadarius é o WR mais boom-or-bust desse draft, então está longe de ser um alvo meu. Mas o seu potencial e a chance de ser boom é inegável. E ele é o WR que a maioria dos analistas enxerga como bust, então o preço está barato.

Amon-Ra St. Brown, WR, USC

St. Brown é do tipo de WR que eu mais gosto: o bom corredor de rotas. Ele é técnico e ágil, e é um jogador que teve produção extremamente consistente nos seus 4 anos de College, tendo inclusive produzido bem quando calouro. O problema é que essa consistência só existiu por conta de um motivo preocupante: Amon-Ra nunca foi o WR1 de sua universidade, mas o WR2 nos quatro anos. 

Nos seus três primeiros anos, o WR1 era Michael Pittman, e Amon-Ra era o WR2 que só atuava no slot. Eis que Pittman sai para o draft e a expectativa de ser o WR1 e outside receiver recai sobre St. Brown, que na época era considerado um prospecto de fim de primeira rodada. No entanto, ele não jogou bem fora do slot, e sua produção até caiu nesse quarto ano de College. O WR1 de USC acabou sendo Drake London, que é dois anos mais novo que Amon-Ra.

O motivo de eu estar evitando St. Brown nos rookie drafts é entender que seu potencial é muito baixo. Se trata de um jogador que não serviu para ser outside receiver nem mesmo no College, então será exclusivo do slot na NFL. Além disso, nunca ter conseguido ser WR1 também é preocupante – mais ainda se considerarmos que o último WR1 de USC era dois anos mais novo. Por isso tudo, Amon-Ra é o WR dessa faixa do draft que eu tenho mais confiança em afirmar que não deverá ter 1000 jardas numa temporada. Todos os outros WR dessa faixa dos rookie drafts (Tylan Wallace, Kadarius Toney, Dyami Brown) tem muito mais potencial.

Chance de eu draftá-lo: extremamente baixa. A posição de WR está muito rica esse ano, então eu não preciso draftar um que eu não goste. Tylan Wallace e Dyami Brown são WRs que eu gosto muito mais e estão saindo na mesma altura que Amon-Ra.

Amari Rodgers, WR, Clemson

O fã de College Football conhece Amari Rodgers, que foi o WR1 de Trevor Lawrence na sua última temporada em Clemson. No entanto, cuidado: apesar de Rodgers ser famoso e ter aquele “name-value”, não é um bom nome para o fantasy. Afinal, ele só foi o WR1 de Clemson esse ano porque Justyn Ross (WR1 de Clemson mesmo sendo 1 ano mais novo que Rodgers) se lesionou e não jogou nenhum jogo. 

A trajetória de Rodgers na universidade antes de 2020 foi bem apagada. No ano de calouro, foi o WR5 de Clemson e teve 123 jardas e 0 TDs em 12 jogos. Em 2018, foi o WR3 atrás de Tee Higgins (que tem a idade de Rodgers e teve 936 jardas e 12 TD) e de Justyn Ross (1000 jardas e 9 TD), e teve 575 jardas e 4 TDs. Em 2019, WR3 atrás dos mesmos dois (que tiveram 1167 / 13 e 865 / 8) e teve 426 jardas e 4 TDs. Ou seja, WR3 com produção muito abaixo dos dois alfas.

No entanto, em 2020, Justyn Ross e outros WRs de Clemson se lesionaram e ele, já no quarto ano de College, acabou sendo o WR1 incontestável do melhor QB do país e de um ótimo ataque. Fica fácil produzir assim, né? E considerando o contexto perfeito em que ele se viu, sua produção foi apenas boa e não incrível, com 85 jardas e 0,6 TDs por jogo. 

Chance de eu draftá-lo: quase impossível. O valor de Rodgers está simplesmente errado, a meu ver. Vejo ele valendo muito menos que os WR draftados na mesma faixa que ele.

Tutu Atwell, WR, Louisville

Tutu é um dos jogadores sobre os quais eu mais tenho visto rumores de draft, e eles indicam que o jogador deve ser escolhido na primeira metade do segundo round! Inclusive, no mock mais recente de Todd McShay e Mel Kiper, ele saiu na escolha 37. Caso ele seja escolhido tão cedo na vida real, acredito que muitos jogadores de fantasy irão empolgar e escolhê-lo cedo nos rookie drafts. Não seja um desses!

O fator preocupante, obviamente, é seu peso. Para perspectiva, consideremos que Devonta Smith, apesar de ter tido a melhor temporada de College por um WR de todos os tempos, estava previsto para ser escolhido fora do top 10 do draft pois acreditava-se que ele pesava 170lbs. Depois, descobriu-se que ele pesa 166lbs, o que ratificou essa previsão. Se o peso de Smith é tamanha catástrofe para os scouts, o que dizer de Tutu, que pesa 149lbs? 

E não é nem que eu ache que o peso seja um defeito tão grande – Devonta é meu WR2 e um alvo nos drafts, e Tutu é um jogador que eu penso ser útil na NFL -, mas certamente limitará o volume de Tutu. Ele terá poucos targets. Penso que será, no fantasy, como um Taylor Gabriel melhorado, nada muito além disso.

Chance de eu draftá-lo: quase impossível. Não vejo um cenário em que Tutu se torne um WR produtivo no fantasy. Talvez útil na vida real, mas não no fantasy, devido ao volume baixo.

Brevin Jordan, TE, Miami

Jordan é um tight end pouco atlético (4.69s 40-yard-dash), não é grande (6’3 e 245lbs) e não sabe bloquear. Sabe quantos tight ends com esse perfil são atualmente titulares na NFL? Zero.

Ok, preciso admitir que já existiram jogadores com esse perfil que se tornaram titulares e bem sucedidos no fantasy, e o maior exemplo é Jordan Reed (6’2, 247lbs e 40-yard-dash em 4.72s), mas é algo muito raro. 

O que se observa hoje na NFL é que os tight ends titulares ou são aqueles puramente recebedores e rápidos (Evan Engram, Mike Gesicki, Irv Smith), ou são os recebedores grandes (Mark Andrews, Zach Ertz), ou aqueles que sabem bloquear (Will Dissly, Rob Gronkowski). Nenhum titular tem o perfil de Brevin, de recebedor undersized, lento, e ruim em bloqueios.

Por isso, acho quase impossível que Jordan seja titular na NFL nos seus primeiros anos de carreira. E acho improvável que o seja em algum momento futuro. E se ele não é titular e não joga tantos snaps, é difícil que seja um sucesso no fantasy. 

Chance de eu draftá-lo: quase impossível. Não quero gastar uma pick com um jogador que não vejo sendo titular tão cedo. Se eu precisar muito de um tight end e não conseguir Pitts (que gosto mais do que é o consenso), vou tentar Freiermuth.