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Aprendendo a Identificar TEs Sleepers: 4 Alvos para 2021

Quem me conhece ou lê meus textos sabe que Tight End é a posição que mais gosto no Fantasy. Eu adoro tentar prever os TEs sleepers, e confesso que a razão de ser a minha posição favorita é que ela me parece ser a mais fácil de decifrar. Não é ciência exata, claro, mas existem várias pistas que nos apontam quem tem mais chance de explodir. Hoje vou te contar quais são elas.

As Quatro Pistas

A primeira pista diz respeito ao perfil do tight end em questão: bloquear bem não conta pontos de fantasy, então o que você está procurando é aquele tight end que atua quase exclusivamente como recebedor. A segunda e terceira pistas são cortesia de JJ Zachariason, que fez um estudo sobre TEs breakouts e concluiu que eles geralmente são muito atléticos e que geralmente estão no 2°, 3° ou 4° ano de carreira. A quarta pista, e a mais importante, se trata da (baixa) competição por targets que o tight end enfrenta.

Não é por acaso que Justin Boone, nosso convidado da live de 15/06/2021, disse que seu grande truque para draftar tight end sleepers é identificar aqueles que têm chance de se tornar a segunda opção de passe em seu ataque, suplantando até mesmo o WR2 da equipe. Se você ainda não confia em Justin Boone (imagine rs), façamos um estudo de caso que comprova essa teoria.

Os Breakout TEs Recentes

Nos últimos 3 anos, nós tivemos 5 TEs que foram “super-breakouts”, ou seja, que tinham ADP fora do top 12 e terminaram no top 5 da posição. São eles: George Kittle em 2018 (ADP de TE13 e terminou como TE3); Darren Waller em 2019 (ADP de TE18 e terminou como TE3); Mark Andrews em 2019 (ADP de TE14 e terminou como TE5); Robert Tonyan em 2020 (ADP fora do top 25 e terminou como TE3); Logan Thomas em 2020 (ADP fora do top 25 e terminou como TE4).

Observe agora quem eram os WRs que jogavam nos times desses TEs nos anos em que explodiram:

49ers de 2018: WR1 Pierre Garçon, WR2 Marquise Goodwin, WR3 Dante Pettis

Raiders de 2019: WR1 Tyrell Williams, WR2 Hunter Renfrow (rookie), WR3 Keelan Doss

Ravens de 2019: WR1 Marquise Brown (rookie), WR2 Willie Snead, WR3 Seth Roberts

Packers de 2020: WR1 Davante Adams, WR2 Marquez Valdes-Scantling, WR3 Allen Lazard

Washington de 2020: WR1 Terry McLaurin, WR2 Cam Sims, WR3 Steven Sims Jr

Percebeu a tendência? Em todos os casos a equipe tinha um dos piores corpos de WRs da liga. E o WR2 era fraco. Além, é claro, de um perfil de tight end que se encaixava muito bem nas 4 pistas já citadas.

O Caso de Robert Tonyan

Você pode argumentar que os WRs do Packers não eram exatamente fracos (embora estivessem longe de ser uma força do time), e eu até concordo. O caso de Robert Tonyan é uma exceção, pois ele só terminou no top 5 porque marcou incríveis 11 TDs! E só conseguiu esse feito porque jogou no ataque que mais teve TDs de passe na liga, 48. A lição que fica do caso de Tonyan é a de que tight ends que jogam em ataques excelentes e marcam muitos TDs podem, sim, explodir. 

A questão é que prever breakouts como o de Tonyan, devido a alto número de TDs, é muito mais difícil que prever breakouts como o de Logan Thomas, que apresentava várias das pistas já citadas (recebedor; atleticismo especial; pouca competição). Afinal, identificar um corpo de WRs ruim e um bom perfil de tight end é algo fácil, enquanto acertar o ataque que será o melhor entre os 32 times da NFL é mais difícil.

Os 4 Sleepers para 2021

Agora que já aprendemos o que procurar para encontrar os sleepers, vamos aos meus favoritos para 2021, em ordem de prefêrencia:

Jonnu Smith, New England Patriots

Tudo começa pelo corpo de recebedores de Patriots: Nelson Agholor, Jakobi Meyers e Kendrick Bourne. Acho esse grupo tão ruim que eu não ficaria surpreso se Jonnu Smith se firmasse como a primeira opção para passes em New England, suplantando todos os WRs da equipe. Jonnu também é muito atlético e atua mais como recebedor do que como bloqueador, tendo como principal qualidade as jardas após a recepção. Inclusive, antes mesmo de Jonnu ser free agent, Bill Belichick já tinha dito que Jonnu era “provavelmente o melhor jogador da liga após a recepção” e que já o tinha visto jogando como running back e que “ele pareceu muito bom nessa função”.

Quanto a Hunter Henry, não me preocupo muito. Jonnu foi a primeira contratação do Patriots (e a prioritária) na free agency, recebeu mais dinheiro garantido que Henry, ganhou contrato um ano mais longo que o de Hunter e também foi desejado por mais times que seu companheiro de posição. Diante desses quatro fatores, eu me surpreenderia muito se Jonnu não fosse o TE1 da equipe.

Adam Trautman, New Orleans Saints

Novamente, a pista mais interessante nesse caso é a competição por targets. Eu tenho tranquilidade em dizer que nenhum dos outros 31 times da NFL tem um WR2 pior que o Saints, nem mesmo os Texans (Randall Cobb) e Lions (Breshad Perriman). Trautman ainda tem a seu favor o fato de estar no 2° ano de liga e ser um TE atlético (RAS de 8.7). 

Quanto a ser mais bloqueador ou recebedor, há dúvida. Trautman entrou na NFL como um prospecto recebedor e atlético, oferecendo pouco no bloqueio. Mas o Saints já tinha Jared Cook, então usou Adam mais como bloqueador no seu ano de calouro, e deu muito certo: o rookie teve a melhor nota do PFF em bloqueios feitos por tight end entre todos os TEs da liga. Ainda assim, tudo indica que o Saints quer usar Trautman como recebedor esse ano, e, para todos os efeitos, ele parece ser um ótimo jogador. TE recebedor, atlético, que sabe bloquear bem, entrou no seu 2° ano da liga enfrentando competição pífia por targets… Alguém mais lembrou de George Kittle em 2018?

Gerald Everett, Seattle Seahawks

Everett jamais será a segunda opção de passe no ataque do Seahawks, que já tem Metcalf e Lockett. No entanto, para além desses dois, há pouquíssima competição por targets, o que me faz acreditar que Everett deverá se firmar como a terceira opção do ataque. E, bom, ser a terceira opção de um ataque excelente como o do Seahawks tem muito valor. Afinal, é um dos poucos ataques com potencial de marcar 45 TDs de passe no ano. E se Seattle aderir aos pedidos de #LetRussCook, pode ter muitas jardas de passe também.

Assim, Everett é um tight end atlético, que só joga como recebedor, atua num ótimo ataque (tendo potencial para muitas jardas e TDs) e está sendo draftado por volta do TE20. Ótimo valor. A cereja no bolo é o fato de o coordenador ofensivo dos Seahawks ser Shane Waldron, que estava nos Rams até o ano passado. Waldron foi contratado pelos Seahawks nesse ano e fez questão de trazer Everett, seu velho conhecido da época de Rams.

Tyler Higbee, Los Angeles Rams

Higbee tem uma situação parecida com a de Everett no sentido de que não será a segunda opção no seu ataque, mas pode se tornar a terceira opção de um ataque extremamente produtivo. Ele é o jogador que vejo com o maior potencial de ter uma temporada como a de Robert Tonyan no ano passado. Afinal, o ataque do Rams está projetado para marcar muitos touchdowns, mas não tem muitos recebedores especializados em TDs. 

Robert Woods é excelente recebedor, mas marcou apenas 8 TDs nos últimos 2 anos. Cooper Kupp já foi WR de muitos TDs em 2018 e 2019, mas marcou apenas 3 TDs nos 15 jogos que jogou em 2020. Por isso, existe a possibilidade de Higbee surgir como esse recebedor de redzone e, quem sabe, conseguir 10 TDs no ano. Havia muito hype em cima de Higbee no ano passado, e eu o evitei de todas as formas, mas acredito que para 2020 ele seja um ótimo candidato a breakout pós-hype.

Por Caio Brettas

Brettas é um amante de fantasy obcecado por trades. Se especializa em estratégia de draft e projeções. Torcedor do 49ers, nomeia todos seus times “CaioShanahan” e também mexe com apostas esportivas.