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SFB12: Como Jogar

A maior liga de fantasy football do mundo, o Scott Fish Bowl, chega a sua décima-segunda edição (SFB12), mais uma vez com foco na caridade e na reunião de uma gigantesca comunidade de jogadores de fantasy football, entre famosos e anônimos de todos os lugares.

E como é que se joga essa liga?

As configurações principais estão no final do post. Não vamos discutir kickers, mas eles podem servir bem como flex no formato, que premia cada chute (field goal / extra point) acertado com 1 ponto, além de dar 1 ponto para cada dez jardas em field goals convertidos.

Conversões de dois pontos também são contadas, mas ficaram de fora das análises desse artigo, bem como TDs de retorno ou de fumbles recuperados.

SFB12: Rank Semanal

A pontuação da liga, combinada ao slot superflex, dá importância à posição de QB, sobretudo os mais precisos e nos melhores ataques, além de gerar escassez na posição. Com isso, até os piores quarterbacks são procurados no draft.

Os 12 melhores QBs semanais são, em média, melhores que qualquer outro jogador de qualquer posição, portanto gera grande demanda por aqueles que podem oferecer múltiplas semanas de atuação nesse nível.

E pouco mais de doze é o número de passadores buscados nas duas primeiras rodadas de draft superflex de fato. Quem sai com dois QBs das duas primeiras rodadas aumenta a probabilidade de marcar o máximo de pontos possível nas posições de QB e superflex, assim maximizando o teto semanal do seu time.

Voltando a comparação com outras posições (e rank), é a partir do 13º QB (ou seja, o melhor QB2), o primeiro que jogadores de outras posições começam a ser mais interessantes, mais especificamente os wide receivers.

O 18º RB é o primeiro, em média, a passar de um QB do mesmo rank, enquanto o 25º TE (o primeiro TE3) seria o preferido em relação ao seu par na posição de quarterback.

A Figura 1 resume essa discussão inicial demonstrando a curva de pontuação média das posições por rank semanal entre os anos de 2018 e 2021.

Figura 1: curva de pontuação média das posições por rank semanal entre os anos de 2018 e 2021 no formato SFB12.
Figura 1: curva de pontuação média das posições por rank semanal entre os anos de 2018 e 2021 no formato SFB12.

SFB12: Flex e Superflex

Titulares (rank 1-84)

Quando analisamos os 84 maiores pontuadores numa semana específica (84 é o número de titulares não-flex numa liga de 12 jogadores), temos que, obviamente, a posição de quarterback é dominante, liderando a quantidade de jogadores a ocupar um rank entre as posições 1-28, ou seja, sobram QBs para ocupar a posição titular, fazendo-os alvos premium para a posição superflex.

Wide receivers e running backs começam a entrar na conversa com propriedade a partir do rank 12 em diante, assumindo protagonismo da posição 30 até 84. Mas entre as duas posições, wide receiver é a mais rentável, como já vimos em discussões anteriores.

Os tight ends só mostraram participação de 25% ou mais na posição 54, portanto os 12 melhores tight ends devem mesmo ocupar o slot de TE e nada mais (naturalmente corremos o risco de perder valores melhores ao draftar dois tight ends antes de RBs/WRs que ofereçam maior consistência).

As figuras 2 e 3 ilustram esta análise.

Figura 2: percentual (quantidade entre parênteses) de jogadores que ocuparam o ranking geral 1-48 numa semana entre 2018-2021 no formato SFB.
Figura 2: percentual (quantidade entre parênteses) de jogadores que ocuparam o ranking geral 1-48 numa semana entre 2018-2021 no formato SFB.
Figura 3: percentual (quantidade entre parênteses) de jogadores que ocuparam o ranking geral 49-84 numa semana entre 2018-2021 no formato SFB.
Figura 3: percentual (quantidade entre parênteses) de jogadores que ocuparam o ranking geral 49-84 numa semana entre 2018-2021 no formato SFB.

“Não-Titulares” (rank 85-132)

Vamos fazer outro exercício: suponha que, toda semana, os jogadores que mais pontuaram em suas posições foram titulares dos times de uma liga de fantasy com formato SFB12, ou seja, os 12 melhores QBs, 24 RBs, 36 WRs e 12 TEs (84 jogadores) foram escalados em algum time da liga.

Agora vamos analisar a pontuação dentre os “não-titulares” para saber quem vale a pena escalar nas posições de (super) flex. Vamos considerar do 85º ao 132º maior pontuador de cada semana (juntando QBs, RBs, WRs e TEs no mesmo bolo).

Os TE2 chamam a atenção aqui por dominarem a primeira faixa de flex (85-96). Como temos muitos pegadores de TDs aleatórios entre os tight ends, mas que ainda não são suficientes para chegar no top 12 semanal do formato, eles servem de aposta para completar sua escalação se você der a sorte de acertar quem será o premiado na endzone.

Nas três faixas seguintes (97-108, 109-120, 121-132), os wide receivers são majoritariamente a melhor escolha, seguidos de RBs e TEs. Dessa forma, um QB2 médio pra baixo não serve de superflex. Na figura 4, ilustramos a análise.

Figura 4: percentual (quantidade entre parênteses) de jogadores ("não-titulares") que ocuparam o ranking geral 85-132 numa semana entre 2018-2021 no formato SFB.
Figura 4: percentual (quantidade entre parênteses) de jogadores (“não-titulares”) que ocuparam o ranking geral 85-132 numa semana entre 2018-2021 no formato SFB.

SFB: Avaliando as Posições Individualmente

É importante observar cada posição para bem entender como endereçá-la no draft e saber de seu potencial para uso nas posições (super) flex.

Quarterbacks

Existe uma forte relação entre vitórias e atuações de QBs:

Não é “do nada” que vemos os QBs em times cujas projeções de vitórias são as maiores da liga. Se não saímos do começo de um draft no formato SFB12 com dois deles, nosso teto semanal será limitado ao que nossos jogadores de outras posições podem oferecer, embora já vimos que o teto dos melhores quarterbacks é incomparável aqui. A Figura 5 mostra quantas vezes os melhores QBs dos últimos anos estiveram no top 12 semanal:

Figura 5: ranking de QBs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 12 semanal daquele ano no formato SFB12.
Figura 5: ranking de QBs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 12 semanal daquele ano no formato SFB12.

Running Backs

Volume, volume, volume.

Não tem como inventar moda nessa posição. Se o objetivo é jogar no zero RB, robust RB ou qualquer versão ou abordagem em relação aos corredores, deve-se sempre ter, como titulares, jogadores que vão tocar muito na bola e, preferencialmente, os que garantem first downs e são sempre lembrados na redzone (onde a vasta maioria dos TDs acontece). A Figura 6 detalha os jogadores analisados.

Figura 6: ranking de RBs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 24 semanal daquele ano no formato SFB12.
Figura 6: ranking de RBs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 24 semanal daquele ano no formato SFB12.

Wide Receivers*

Assim como toques estão para running backs, alvos estão para wide receivers, não há mistério aqui também.

E aqueles em bons ataques e que são alvos na redzone sempre valem a pena, assim alguns WR2 (e uns poucos WR3) merecem atenção especial no draft em comparação com running backs (daí as teorias Zero RB, backfields ambíguos entre outros).

Figura 7: ranking de WRs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 36 semanal daquele ano no formato SFB12.
Figura 7: ranking de WRs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 36 semanal daquele ano no formato SFB12.

Tight Ends*

KKK não é risada, é Kelce, Kittle e Kyle (Pitts). E marK Andrews.

Como o formato do Scott Fish Bowl oferece bonificações múltiplas aos tight ends (0,5 ponto por recepção e 0,5 ponto por first down recebido adicionais), a posição não é necessariamente a dualidade “pegue cedo ou faça stream”, pois aqueles jogadores que possuem mínima participação relevante já podem figurar com mais frequencia entre os melhores da semana.

Claro que, por conta dessa bonificação, a elite da posição se torna ainda mais diferenciada. Na Figura 8 é possível ver como os melhores tight ends se saíram semanalmente nas últimas temporadas.

Figura 8: ranking de TEs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 12 semanal daquele ano no formato SFB12.
Figura 8: ranking de TEs entre 2018-2021 e o respectivo número de vezes que estiveram no top 12 semanal daquele ano no formato SFB12.

* Noah Fant empatou com Hunter Henry em 2020, porém teve apenas 5 semanas no top 12; Emmanuel Sanders empatou com Tyreek Hill em 2019.

SFB12: Discussão

2022 promete, segundo as casas de apostas, pouco mais de dez times com 10 ou mais vitórias (se aproximarmos a previsão de 9.5 para 10), são eles (e seus respectivos QBs):

QBs são vitais

Tirando Ryan, Lance e Tannehill, todos os QBs estão saindo bem cedo na maioria dos drafts superflex, portanto a correlação vitórias vs sucesso no fantasy é algo real e percebido, ainda que intuitivamente, na comunidade.

Seriam os três patinhos feios de Indianapolis, San Francisco e Tennessee possíveis sleepers? Sim, seriam, mas isso vai depender dos respectivos esquemas de jogos, que, por o que sabemos até então, são baseados no jogo corrido (Jonathan Taylor nos Colts, o comitê de Shanahan na Califórnia e Derrick Henry em Memphis).

Se algum dos outros 11 cair pra você no segundo round, será portanto uma grande oportunidade de juntá-lo a outro que já esteja no seu time com a escolha de primeira rodada. Senão é hora de buscar um jogador de outra posição e então arrematar com um QB intermediário na 3ª rodada (um dos três sleepers ou ainda um Kirk Cousins, sempre efetivo).

Falando em jogo corrido, não há muito o que discutir entre os principais corredores dos times da NFL, exceto por expectativas de lesão. Isso é algo imprevisível, assim temos que ter coragem para draftar praticamente qualquer um deles nas primeiras rodadas. Running back envolve esse risco, cabe a nós enfrentar. Isso é fantasy football.

Wide receivers envolvem menos desse risco de lesão: aqui o objetivo é acumular targets e chances de TD. Alguns nomes são barbadas para buscar as maiores pontuações possíveis, como Cooper Kupp, Davante Adams, Stefon Diggs, Justin Jefferson, Mike Evans e Ja’Marr Chase. Não tem como errar no meio desse Pro Bowl.

Por fim, tight ends. Será que Rob Gronkowski aposentou mesmo? Se sim, abre-se uma vaga certa no top 12 da temporada, a ser preenchida por alguém bem aleatório (seria o ano de Cole Kmet? Não tem gente nos Bears para atrapalhá-lo).

SFB12: Conclusão

O formato do Scott Fish Bowl 12 privilegia o jogo efetivo, as jogadas de impacto, considerando first downs e porcentagem de passes completos. Assim, um bom jogador se aproxima ainda mais de ser um bom jogador de fantasy.

A pontuação não presenteia com 1 PPR o jogador que recebe uma bola e é derrubado na linha de scrimmage: nesse formato é preciso mover as correntes. Por isso quem assiste o jogo de verdade vai saber quem escolher quando a hora do draft chegar.


Se chegou até aqui, meu muito obrigado e peço que compartilhe com seus amigos esse extenso trabalho que fiz pensando em você, leitor e amante de fantasy football.

Apêndice: Configurações do SFB12

O draft é snake e possui 3rd round reversal, ou seja, o sentido do draft é invertido da terceira rodada em diante.

Elenco

1 QB, 2 RB, 3 WR, 3 flex (W/R/T/K), 1 superflex (Q/W/R/T/K).

Pontuação (destaques)

Passe:

  • 0,04 / jarda (4 a cada 25)
  • 0,5 / passe completo
  • -1 / passe incompleto
  • 6 / TD de passe
  • -4 / interceptação

Corrida

  • 0,1 / jarda (1 a cada 10)
  • 6 / TD corrido
  • 0,5 / first down

Recepção

  • 0,1 / jarda (1 a cada 10)
  • 0,5 / recepção (+ 0,5 para tight end)
  • 6 / TD recebido
  • 0,5 / first down (+ 0,5 para tight end)

Por Rui Maurício

Editor-chefe, autor de "IDP em Detalhes", co-fundador do BrFF e entusiasta de analytics.