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Navegando a Running Back Dead Zone

O cada vez mais popular conceito segue em pleno vapor e ainda é melhor evitar draftar corredores nos middle rounds. Apesar disso, há vida na zona morta e os atalhos estão cada vez mais claros. Vem que a gente te ajuda a encontrá-los!

A essa altura, você que está lendo este artigo de fantasy football em pleno mês de julho já deve ter ouvido falar na RB dead zone, aquela faixa do draft, entre o final do round 3 e o início do round 6, em que os running backs, geralmente ranqueados na metade de baixo do top 30, costumam resultar muito mais em busts do que em breakouts.

Sim, a consolidação de dados ao longo dos anos segue provando que a teoria é muito válida e, na dúvida, é sempre melhor evitar RBs por ali e buscar jogadores de outras posições, notadamente wide receivers.

Por outro lado, esses mesmos dados vêm mostrando quais são os corredores selecionados nos middle rounds que conseguem fugir da zona morta e efetivamente se transformar em ótimos achados, superando sua expectativa inicial de produção estatística.

Tendo como principal fonte de pesquisa o primoroso trabalho desenvolvido por JJ Zachariason – amigo aqui do portal – especificamente nesta edição do podcast dele, identificamos dois aspectos chave para detectar aqueles corredores que, fugindo da mera escolha por necessidade diante da escassez da posição que acaba por, em regra, fornecer piso de pontuação sem um teto que os diferencie de RBs selecionados do round 7 em diante, efetivamente possuem o upside necessário para se tornarem league winners.

Esses aspectos são a capacidade de receber passes e consequente envolvimento no jogo aéreo – circunstância que, quase naturalmente, garante diferenciação de teto para running backs seja qual for o ADP (average draft position), ainda mais em ligas PPR, que dominam o cenário do nosso jogo dentro do jogo hoje em dia – e, principalmente, a juventude. Funcionando apenas como desempate, mas não algo essencial como os demais aspectos, surge, também, a qualidade do ataque em que o jogador está inserido e consequente número maior de touchdowns da equipe dele.

Segundo o estudo do JJ, pautado no ADP ao longo dos anos e em pontuação full PPR, 29% dos RBs que emergiram da dead zone desde 2011 eram calouros e 19% eram segundanistas, ou seja, quase metade de mais de uma centena de jogadores elencados ao longo de uma década estavam em seu primeiro ou segundo ano na NFL e terminaram a temporada superando significativamente suas projeções de pontuação por jogo e terminando no top 10 da posição.

De forma praticamente presumida, essa conclusão faz sentido diante do natural receio de muitos drafters em confiar em jogadores que nada ou pouco jogaram profissionalmente. Claro que temos exemplos extremos no sentido contrário (alô, CEH), mas o histórico nos mostra que, embora longe de apresentar risco zero e certamente representando algo mais arriscado do que selecionar um WR, a aposta no talento natural de jovens adaptados ao futebol americano moderno é o que realmente compensa na hora de selecionar um RB nos middle rounds.

Com isso, e de acordo com o ADP atual fornecido pelo FantasyPros, temos dois candidatos evidentes a se tornarem os maiores achados da RB dead zone: Breece Hall e Travis Etienne.

Saindo do board, respectivamente, como RB19 e RB20, nas escolhas de número 39 e 42 geral, que representam a 4.03 e a 4.06 numa liga de 12 equipes, o rookie e o segundanista preenchem ambos os critérios de juventude e envolvimento no jogo aéreo, além de possuírem alto capital de draft investido pelas respectivas franquias em que atuam e muito talento. Claro que os ataques em que estão inseridos poderiam ser melhores, mas, como já vimos, isso passa longe de ser condição essencial de quem tem mais chances de explodir saindo da RB dead zone.

Este que vos escreve tem ambos ranqueados consideravelmente acima do ADP (Breece como RB15 e ETN como RB16) e vem investindo pesado na dupla ao longo dos drafts que já realizou. Prefiro apostar neles do que em muitos outros nomes que estão com ADP similar, como Antonio Gibson (RB21), Josh Jacobs (RB22), JK Dobbins (RB23) e Elijah Mitchell (RB24).

Até mesmo corredores que, segundo o ADP, sequer se qualificam a formar a dead zone – pois são draftados, em média, na metade inicial do terceiro round – devem, na minha visão, ser preteridos pela dupla já citada, casos de David Montgomery (RB17), Cam Akers (RB18) e, principalmente, Ezekiel Elliott (RB16).

Em resumo, a partir do final do round 3 até a primeira metade do round 6, só fuja de excelentes valores entre pass catchers como Michael Pittman, Diontae Johnson, Mike Williams, DJ Moore, DK Metcalf, Courtland Sutton, Brandin Cooks, Darnell Mooney, Amon-Ra St. Brown, Rashod Bateman, dentre outros, se sua escolha de running back possuir o upside necessário para ser o diferencial na posição mais importante do fantasy football em ligas convencionais e te ajudar a trazer o título. E esses diferenciais atendem pelos nomes de Breece Hall e Travis Etienne.

Como bônus, que, atualmente, sequer são selecionados na chamada zona morta, mas cumprem todos ou parte dos requisitos destacados acima, cito os nomes de outros dois calouros como potenciais sleepers que podem superar, e muito, o atual ADP: James Cook e Kenneth Walker.

O primeiro deles talvez seja o melhor custo benefício entre todos os running backs para 2022: James Cook, novo camisa 28 dos Bills. Contando com a concorrência não muito animadora de Devin Singletary, o irmão mais novo do workhorse dos Vikings é um especialista em receber passes e ainda conta com o diferencial de ter sido selecionado por um dos melhores ataques da liga.

Caso ele consiga um papel somente um pouco mais proeminente do que de mero 3rd down back – o que é absolutamente possível – em uma unidade ofensiva sob novo comando e que, aparentemente, olhará com mais carinho para o jogo terrestre do que em tempos recentes, certamente obliterará o ADP de RB39 e escolha 105 geral (9.09 em liga de 12 times), atrás de nomes como Michael Carter e Rashaad Penny.

Falando em Rashaad Penny, sou bastante cético em achar que, depois de todo um contrato de calouro durante o qual falhou em se firmar como RB1 dos Seahawks, sua retinha final de 2021, absolutamente fora da curva, se transformará em norma e impedirá a ascensão do fortíssimo rookie selecionado no topo do segundo round do NFL Draft.

Com isso, apesar de, ao menos à primeira vista, não cumprir com o requisito de ser um bom recebedor, Walker tem excelentes chances de assumir o protagonismo de um backfield em relação ao qual Pete Carroll jamais teve pudores em concentrar muito volume, principalmente agora que não tem mais de lidar com as reclamações de um QB elite sobre querer passar mais a bola. Dito isso, aproveite o valor do camisa 9 como RB36 e escolha 90 geral (8.07 em liga de 12 times), atrás do próprio Penny e de Cordarelle Patterson, por exemplo.