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Análise

Três Décadas de Volume

A história diz muito sobre o Fantasy Football, embora não diga tudo, porque, a cada ano, muitos aspectos trazem mudanças para o jogo real e o virtual. Mas uma coisa é geralmente perceptível e, de certa forma, previsível: volume e sua distribuição.

Então o que as últimas três décadas podem nos dar?

Este artigo contém dados do Pro Football Reference de 1992 (primeiro ano em que alvos foram contados) até 2020.

Volume dos Running Backs: Porque Aqui Eles Importam

Meu primeiro pensamento foi que bellcows (RBs com volume extremo) estão desaparecendo. A média de percentual de corridas (entre RBs) e alvos (time) caiu na década passada, sugerindo que as franquias estão desvalorizando a posição e confiando em comitês mais que nunca. Os valores mínimos são excepcionais, fruto de lesões e outros fatores imprevisíveis.

Quando passamos a analisar as medianas (valor que separa uma amostra populacional em metades), vemos que, na década passada, encontramos um líder de backfield tendo acima ou abaixo de 56% das carregadas dos RBs e ±/- 7% dos alvos do time.

Esses valores mudam entre os times, mas, em geral, podemos esperar que qualquer RB1 tenha cerca de 150+ carregadas e 30+ alvos.

Volume dos Recebedores: Target Share vs Target Rank

A prioridade que um jogador tem na fila de alvos do time diz o seu market share, é o que diz o próximo gráfico.

Em todas as posições, em todas as décadas, há uma tendência que indica os líderes em alvos de um time concentrarem ⅕ dos passes tentados (WRs alcançam ¼), os vice-líderes, 15-20% e assim sucessivamente. Não importa a posição, nós devemos esperar uma proporção uniforme na maioria dos casos e isso ajuda muito a projetar a distribuição de volume de um time e consequentemente a produção geral dos jogadores.

Líderes em Alvos

Eu cortei os wide receivers deste gráfico já que a vasta maioria dos times possuem um deles como seu líder. Sobram alguns running backs e tight ends que nos evidenciam os chamados “unicórnios”.

Se um RB ou TE lidera seu time em alvos, muito provavelmente ele vai marcar muitos pontos PPR e ser um investimento sólido. Em 2020, apenas Alvin Kamara, Travis Kelce, Darren Waller e Evan Engram lideraram seus respectivos times sem ser um WR (pena que Engram não tirou muita vantagem disso).

Engram deve deixar esta lista e abrir espaço para outro TE, George Kittle, em 2021, e outros não-WRs devem retornar a ela, como Christian McCaffrey, assim como novos nomes podem surgir, como TJ Hockenson, Dallas Goedert (por que não?) e algum dos novos tight ends dos Patriots (Hunter Henry ou Jonnu Smith).

Conclusões

Este artigo propôs mostrar a concentração de corridas e alvos numa perspectiva global. O que podemos reconhecer a partir das observações é que, apesar das várias mudanças que ocorrem na liga, podemos esperar um comportamento “comum” na distribuição de volume (a partir da década passada):

  • RB1 – ~55% das corridas (entre RBs), 8% dos alvos do time
  • RB2 – ~25% das corridas, 5% dos alvos
  • Alvos
    • #1 (RBs e TEs de elite, WR1) – 20-25% share;
    • #2 (RBs e TEs muito bons, maioria dos WR2) – 16-20%;
    • #3 (WR3, RBs de 3 descidas e bons TEs) – 13-15%;
    • #4 (RBs recebedores, TEs em geral) – 10-11%;
    • #5 (RB1s versáteis, recebedores de menor importância) – 8-8,5%.

Com essa informação nós podemos buscar jogadores num melhor preço quando no draft ou em trocas no começo da temporada de uma liga redraft.

Meus próximos passos incluem estudar os times e como as mudanças de técnicos (e outros aspectos subjetivos) afetam a distribuição de volume.

Por Rui Maurício

Editor-chefe, autor de "IDP em Detalhes", co-fundador do BrFF e entusiasta de analytics.