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Razões pelas quais Cam Akers vai explodir em 2021

Procurando por um running back draftado fora do top 10 da posição, mas que pode ser a razão pela qual você vai ganhar sua liga? Achou. Ele é Cam Akers e o André Amaral te conta por quê.

Vou ser sincero com você, leitor ou leitora. Este texto seria originalmente dedicado a listar três running backs fora do top 10 ADP da posição que poderiam explodir em 2021.

Acontece que, ao escrever sobre o primeiro e principal deles, me empolguei tanto ao angariar fatos e dados estatísticos para provar meu ponto, que o artigo não poderia ser sobre ninguém além de Cam Akers, o RB atualmente sendo draftado fora dos dez primeiros da posição com a situação mais favorável possível para terminar a temporada entre os líderes do fantasy football.

De qualquer forma, já me desculpando com Antonio Gibson, Najee Harris, D’Andre Swift e Clyde Edwards-Helaire, os outros corredores que eram candidatos a figurar neste texto, vou utilizar a introdução que já havia escrito para o artigo inicialmente proposto, porque acho bastante pertinente e, claro, se encaixa como uma luva no panorama de Cam Akers.

O que nos diz o histórico

Todo ano acontece. É estatístico e não há como refutar: pelo menos um RB terminará a temporada em posição bastante superior àquela em que foi escolhido nos nossos queridos drafts de fantasy.

Ok que isso geralmente acontece em razão de circunstâncias alheias ao jogador em si, mas que acabam por favorecê-lo, quase sempre relacionadas a lesões – não necessariamente do titular absoluto com papel de workhorse, podendo ser, também, de companheiros de backfield especialistas em determinadas funções, ou mesmo um calendário muitíssimo favorável, como foram as condições que ajudaram David Montgomery a terminar como o RB4 em 2020.

Há, porém, os casos em que, independentemente de qualquer circunstância alheia, o talento e – mais importante ainda – a situação de determinados corredores em suas equipes (leia-se, quase sempre, volume de toques na bola) os fazem nocautear sua ADP (average draft position ou posição em que são draftados em média).

Com isso em mente e ponderando apenas as informações que se têm atualmente, ou seja, completa ausência de lesões ou alterações inesperadas de elencos por dispensas, cortes ou trocas – situações que invariavelmente ocorrerão até a abertura da temporada em 9 de setembro –, listarei três jogadores falarei sobre o jogador, dentre aqueles fora do top 10 em ADP, que considero possuir a maior chance de finalizar o ano entre a elite estatística de RBs e, consequentemente, representar um dos maiores valores para o fantasy em 2021.

Os atuais líderes em ADP

Mas, antes, é preciso listar os RBs que, em média, são os dez primeiros a saírem do board em ligas PPR redraft padrão. De acordo com a mais recente atualização da planilha de ADP do Sleeper, são eles:

  1. Christian McCaffrey (CAR)
  2. Dalvin Cook (MIN)
  3. Alvin Kamara (NO)
  4. Derrick Henry (TEN)
  5. Saquon Barkley (NYG)
  6. Jonathan Taylor (IND)
  7. Nick Chubb (CLE)
  8. Ezekiel Elliott (DAL)
  9. Aaron Jones (GB)
  10. Austin Ekeler (LAC)

Na dúvida, priorize a juventude

Como é possível notar, temos apenas um segundanista – Jonathan Taylor – dentre outros nove jogadores indo para pelo menos sua quarta temporada na NFL.

Reflexo do maior conservadorismo do praticante comum de fantasy – ou mesmo da menor familiaridade com jogadores em seus primeiros anos na liga profissional – a propensão a nomes mais famosos – e que, em tese, seriam mais seguros – é uma tendência que se repete ano a ano, mas que, historicamente, não se confirma no resultado final.

Isto porque, em média, cerca de um quarto a um terço do top 10 RBs em pontuação total ao término da temporada é formado por jogadores em primeiro ou segundo ano de contrato – exatamente 36,6% nos últimos três anos (ou 11 em 30).

Sem mais delongas e levando em conta os fatores apresentados, vamos à minha principal aposta entre RBs para este ano de 2021:

Cam Akers (LA Rams)

Já podendo ser considerado o principal xodó deste que vos escreve, Akers está sendo, neste momento, draftado como o décimo segundo RB, ou seja, fechando o grupo daqueles que se convencionou chamar RB1 – levando em conta que uma liga padrão de fantasy conta com 12 times.

Ainda assim, tenho essa ADP como uma afronta diante de toda a situação favorável em que o camisa 23 dos Rams se encontra.

Primeiramente, àqueles que ainda acreditam em Darrell Henderson como uma ameaça ou parte de um comitê de duas cabeças no backfield da equipe que representa Los Angeles na NFC, vamos aos fatos.

Não veja concorrência onde não há

Ao notarem que o rendimento físico e técnico de Todd Gurley, até então um dos principais corredores da NFL e RB1 para o fantasy em 2016 e 2017, além de RB3 em 2018, estava em franca decadência, o treinador Sean McVay e o general manager Les Snead decidiram procurar quem o sucedesse.

Com isso, utilizando a 70ª escolha geral do Draft de 2019 (terceira rodada), que, naquele ano, era a segunda da franquia – ultimamente famosa por abrir mão de escolhas de primeiro round com alguma tranquilidade, as quais utilizou para trazer o CB Jalen Ramsey e o QB Matthew Stafford –, selecionaram Henderson, proveniente da Universidade de Memphis.

Em sua temporada de calouro, porém, Henderson foi apenas o terceiro RB da equipe, tendo sido ofuscado não só por um Todd Gurley já em baixa – que ainda assim terminou como RB14 para o fantasy naquela temporada –, mas também pelo veterano Malcolm Brown, que, àquela altura, já estava em seu quinto ano no time e recebeu quase o dobro de carregadas (69 a 39), além do mesmo número de alvos (6 a 6), com o placar de TDs terminando em 5 a 0 para Brown.

Veio, então, 2020, ano em que Gurley, que havia assinado com os Falcons, já não mais integrava aquele backfield.

E o que fez o front office dos Rams?

Selecionou um novo RB – posição menos valorizada da “NFL real” – com uma escolha ainda mais alta em comparação com aquela que havia utilizado em Henderson: com a pick nº 52 geral, a vigésima do segundo round e primeira da franquia naquele ano, o Los Angeles Rams escolheu Cam Akers, então com apenas 20 anos de idade.

Se isso não foi um claro sinal de insatisfação com o desempenho ou investimento em Henderson como sucessor de Gurley, eu não sei o que poderia ser.

A força das palavras

Ainda assim, Sean McVay, fazendo valer o discurso de offseason no sentido de que procuraria implementar um comitê ao estilo de seu rival San Francisco 49ers, o qual havia recentemente alcançado vaga no Super Bowl, iniciou a última temporada com bastante rotatividade entre seus três RBs, ou seja, Henderson, Akers e Brown.

Tal abordagem durou 11 jogos, período em que os Rams obtiveram sete vitórias e quatro derrotas, com apenas três desses triunfos tendo sido por mais de uma posse de bola.

O momento da transição

A partir da semana 12, em que McVay “entregou as chaves do castelo” a Akers, que passou a figurar em pelo menos 61% dos snaps de ataque, Los Angeles venceu três dos quatro jogos em que o camisa 23 esteve em campo (foi desfalque na derrota por 20 a 9 para os Seahawks na semana 16), todos esses triunfos por mais de uma posse de bola de diferença – a exceção ficando por conta de uma das partidas mais bizarras dos últimos tempos – derrota para o até então 0-14 New York Jets na semana 15 – jogo em que Akers teve um TD de 18 jardas usurpado em razão de uma falta de segurada nos instantes finais da partida – jogada esta que se somou a outras 32 jardas terrestres “retiradas” dele em razão de faltas cometidas por seus companheiros.

Ainda assim, ele terminou a partida com 62 jardas totais em 15 corridas e uma recepção, seu pior desempenho entre todos os jogos do período em que foi workhorse.

Ao final de tal sequência, incluindo as duas partidas de playoffs, contra Seahawks e Packers, Akers alcançou impressionantes médias de 93.5 jardas corridas, 1.8 recepção, 24.5 jardas recebidas e 0.5 TD, que resultariam em 16.6 pontos PPR por jogo.

Quanto à participação de Henderson em tal sequência de partidas, é certo que ele, de fato, se machucou contra os Seahawks na semana 16 e não voltou mais a campo desde então.

Porém, nos três jogos em que esteve plenamente apto fisicamente, entre as rodadas 12 e 15, participou de apenas 20.7%, 11.1% e 11.9% dos snaps, respectivamente.

Se avizinha um futuro promissor

Se, com todos esses fatores, em seu ano de calouro, Akers já alcançou pontuação média suficiente para solidificá-lo como RB1 para o fantasy ao longo do período em que de fato assumiu o protagonismo do backfield – sequência concomitante ao esgotamento da paciência de McVay com Jared Goff, que chegou a ser barrado pelo undrafted free agent John Wolford –, imagine agora que Malcolm Brown deixou o time rumo a Miami e o ataque passou a ser comandado por um QB muito mais talentoso (Stafford), que tem tudo para, abrindo o playbook de uma das melhores mentes ofensivas da NFL, levar a uma média muito maior de touchdowns.

Ah! Lembra-se do discurso de McVay, na offseason passada, no sentido de que implementaria um comitê a la 49ers, o que acabou se confirmando, mas foi abandonado a partir da semana 12, quando Akers se tornou o bell cow? Dá uma olhada nas últimas palavras dele sobre como pretende abordar seu backfield em 2021:

Acho que ele é um RB completo, acho que ele é um jogador muito especial”. “Não há limitações em como o time pode usar Akers”. “Ele é obviamente um grande corredor, mas ele tem habilidade como recebedor vindo do backfield e podemos deslocá-lo e colocá-lo no slot ou no outside”.

Ou seja, maior envolvimento no jogo aéreo está nos planos. Isso sem falar nos gamescripts favoráveis que um time com uma das melhores defesas da liga provavelmente oferecerá.

Se você ainda não acredita em mim, confere qual é o jogador com mais destaque, bem ao centro, da nova foto promocional que emoldura o site oficial do Los Angeles Rams (Beleza, agora eu posso estar exagerando, mas você viu todos os fatos e dados que eu escrevi aí em cima?! 😅).

Conclusão

Considerando isso tudo e o que esse ataque já foi capaz de oferecer estatisticamente quando contava com um RB workhorse (Gurley) – papel que, não se engane, está assegurado para o segundanista – não vejo como Akers, o RB6 nos rankings deste redator, possa finalizar o ano fora dos dez melhores corredores para o fantasy caso consiga se manter saudável ao longo de toda a temporada. E é plenamente viável que ele termine entre os cinco melhores RBs.

Mas não só. Acredito ser real, até mesmo, a chance de que possa figurar no topo do pódio, tamanha a oportunidade que tem em mãos.

🚂🚂🐏23🐏🚂🚂 tchu-tchúúú!!!

Vem pro trem da Akers hype você também!

Por André Amaral

Tão são-paulino torcedor de arquibancada, quanto fanático por fantasy de olho nas multitelas e no NFL RedZone do GamePass. Sempre em busca de estar um passo à frente das tendências que acabam se tornando verdades absolutas, pois pensar fora da caixinha pode ser a chave para o título. Tem a convicção de que, quem acha Cartola bom, nunca jogou Fantasy