Em todo início de temporada, vejo os jogadores de fantasy evitando ao máximo SUPERESTIMAR os acontecimentos da semana 1, e pouquíssimos com medo de estarem SUBESTIMANDO os acontecimentos da semana. Erro crasso. Nem todo jogador que explode na semana 1 acaba sendo como Sammy Watkins em 2019 e 2020. Muito pelo contrário: a grande maioria dos breakouts de uma dada temporada já dá sinais de grandeza no seu primeiro jogo do ano.
Por isso, o jogador de fantasy inteligente entende que o momento pós semana 1 é o segundo mais importante do ano (perdendo para o draft, claro) e aproveita essa época para fortalecer ainda mais o seu time, tanto pelas waivers quanto pelas trocas.
Agora é hora de ser agressivo nessas duas oportunidades de melhora do time antes que o mercado se estabilize. A ideia de “esperar algumas semanas” para ter certeza de como a temporada irá se desenrolar é contraproducente, afinal, quando todos já sabem quem são os breakouts do ano, os seus preços irão subir e a sua janela de oportunidade terá ido embora.
Aliás, por ser este início de temporada o momento em que há mais incerteza sobre os jogadores, é esse o momento onde há maior possibilidade de ganho nas trades. Pois esse é o momento onde você consegue adquirir os breakouts enquanto eles estão baratos.
Contexto
Após a week 1 do ano passado, você viu o Buffalo Bills sendo um dos 3 times mais pass-heavy da liga (o que foi uma surpresa tremenda) e Stefon Diggs tendo 9 targets e fazendo 16 pontos. Os sinais do breakout de Diggs estavam lá, e nesse momento ele custava preço de WR25. Três semanas depois, o preço já era de WR10. Lá se foi sua janela de oportunidade de adquirir o WR2 de 2020.
Ou melhor ainda: na semana 1 de 2020, você viu James Robinson jogando 70% dos snaps – número fantástico que caso mantido no ano todo praticamente lhe garantiria um ano entre o top 15 de RBs – mas pontuando somente 10 pontos. O preço era de RB30, o mesmo do Melvin Gordon na semana 1 de 2021. Mas você não fez propostas por ele, quis esperar algumas semanas para confirmar se ele continuaria tendo volume…
Pois é, fugir de trocas na semana 1 (e na 2, e na 3) é besteira. Especialmente num jogo no qual só temos um campeão entre 12 participantes, ser conservador é um tiro no pé. Enquanto o conservador não faz trocas – ou arrisca pouco nas waivers – uns dois ou três na liga estão arriscando, e, provavelmente, um desses acabará tornando seu time fortíssimo.
Arrisque!
Se você está lendo o BrFF, provavelmente é um dos jogadores mais bem-preparados da sua liga. Então procure trocas envolvendo suas apostas de breakouts e não tenha medo de aceitar propostas que você pensa estar recebendo o melhor lado. Mesmo se esse melhor lado for apenas “pouco melhor” do que o que você receberá.
Se você, bom jogador, fizer 10 trocas recebendo o lado que lhe parece “só” um pouco melhor, chances são que você ganhará 7 ou 8 dessas trades. No longo prazo isso compensa, você terá perdido algumas (poucas), mas terá ganhado a maioria. E em algumas dessas, terá feito seu time se separar do pelotão e se estabelecer como o melhor time da liga. E o primeiro lugar é o que importa, não é?
Dito isso, agora só resta identificar quais pontuações altas da semana 1 são ruído (aquelas que não se manterão ao longo do ano) e quais são presságio do que está por vir. É claro que isso não é tão fácil, mas é aqui que eu entro para te ajudar. Vou te mostrar que nem todo jogador que pontuou bem deve ser vendido, e que nem todos que decepcionaram devem ser comprados em baixa. Alguns devem, sim, ser comprados em alta (alô Mike Williams) pois seu valor continuará subindo. É o que Diggs e Robinson nos mostraram no ano passado.
Então vamos lá!
JOGADORES PARA COMPRA
Compra da Semana – Chris Carson, RB
Primeiramente, preciso dizer que o gabarito quando se trata de “RBs para comprar” é a porcentagem de snaps que o RB jogou na semana 1. Eu disse isso na live de 14/09, e repito: quanto mais snaps o RB joga, mais chances de correr e receber ele terá, portanto a % de snaps é a coisa mais importante que você deve estudar na semana 1.
Já li um estudo que provava que a porcentagem de snaps era a coisa que mais correlacionava com a pontuação do RB, mais até do que número de carregadas, targets ou oportunidades. Se você é um jogador de fantasy sério, por favor, abra o Pro Football Reference ou o lineups.com e olhe as snap counts dos running backs. Eu não consigo enfatizar o quanto isso é importante.
Mas se quer provas, te dou. David Montgomery foi o RB4 de 2020 porque jogou 80% dos snaps, número altíssimo. Mike Davis foi o RB12 de 2020 porque jogou 70% dos snaps. Myles Gaskin teve média de 16 pontos, que é média de RB1, porque jogou 70% dos snaps. Enfim, se o cara joga mais de 70% dos snaps, pode saber que ele vai pontuar bem.
E é por isso que Carson é o buy da semana
Até porque nós já sabemos o jogador regular que é Chris Carson: ele teve médias de 14.1, 15.0 e 15.5 nos seus últimos 3 anos, que são médias de RB2 alto. A média mais alta foi a do ano passado, 15.5, e ele fez isso tendo média de 60% de snaps e só superando os 70% em um jogo do ano! Eis que na semana 1 de 2021, ele joga incríveis 77% dos snaps.
E isso num ataque super produtivo, que deve ser top 8 na liga em touchdowns. A cereja no bolo vem do fato de que o novo coordenador ofensivo de Seattle é Shane Waldron, discípulo de Sean McVay. É que McVay sempre prefere correr ao invés de passar perto da goal line, então seus RBs sempre tem muitos TDs corridos. Eu não acho só possível, mas provável, que Carson tenha 10 TDs corridos no ano.
Joe Mixon, RB
Mixon virou bell-cow! Minha previsão pré-draft de que “Mixon é o melhor valor na posição de RB em 2021” parece ter se concretizado. O jogador jogou 78% dos snaps, teve 4 targets, 29 carregadas e liderou a NFL em toques na semana 1. Além disso, ele esteve em campo em 70% das jogadas em que o Bengals tentou passes (em 2020 esse número era de 54%), o que mostra que agora ele não sai tanto do campo em situações de passe. Não tenho o menor medo de que esses números mudem muito na semana 2, pois eles estão de acordo com o que os técnicos falaram repetidas vezes na offseason. Por fim, o PFF amou sua partida, colocando-o em 4° lugar na NFL em rushing grade. Jogando num ataque que deve produzir muito bem, Mixon já está no meu top 5 de RBs para o resto da temporada.
Rob Gronkowski, TE
Muitos estão tratando Gronk como um jogador para se vender na alta. Eu não sou um desses. Afinal, Gronk teve 8 targets num time que mostrou ter um ataque de passe super potente, e Brady parece ainda não ter sentido a idade. O principal motivo de eu estar comprando Gronk é que ele jogou 87% dos snaps e correu rotas em 74% dos passes (em 2020 esses números foram 75% e 61%, respectivamente), o que mostra que será importante no ataque. Além disso, todos sabem que ele é um favorito de Brady, especialmente na redzone, então pode ter mais de 8 TDs no ano. Por fim, pode ser que ele tenha voltado a ser o velho Gronk, após um 2020 em que não estava no auge da forma física. O PFF concorda: em 2020 a nota de Gronk foi de 72, enquanto na semana 1 de 2021 foi de 83.
Mike Williams, WR
Como garantir que a explosão de Williams na semana 1 não é apenas ruído? Basta perceber que ele foi utilizado de forma muito diferente. Nos anos anteriores, a média de seus targets era de 15 jardas, o que mostrava que ele era usado principalmente em profundidade. Na semana 1, foi de 10 jardas. Isso vai de acordo com o que o OC Joe Lombardi dizia sobre Williams, que é que ele faria o papel do Michael Thomas nos Saints (Lombardi veio dos Saints) e que a bola sempre acaba achando o X receiver nesse esquema que agora estava chegando aos Chargers. Williams teve 12 targets na semana 1, e eu creio que sua utilização se manterá alta. O potencial de WR top 20 é evidente.
Tyler Higbee, TE
Ano passado, Higbee era a aposta da moda para ser breakout entre os tight ends. Isso não se concretizou, e o motivo principal é que ele só correu rotas em 51% dos passes que o Rams tentou. Ou seja, ele não foi recebedor (e, sim, essa estatística de porcentagem de rotas é muitíssimo importante para TEs). Comparativamente a um TE que corre 95%, como Logan Thomas, é como se Higbee só jogasse dois quartos por semana enquanto Logan joga um jogo inteiro.
Mas nesse primeiro jogo do ano, Higbee correu rotas em 95% dos passes que Stafford tentou. Além disso, jogou 100% dos snaps e teve 6 targets, para uma target share acima de 20%. Isso num jogo em que Stafford não precisou passar muito a bola.
Chase Edmonds, RB
Edmonds joga num comitê no qual é o óbvio recebedor de passes, então podemos afirmar que ele enfrentou o pior game-script possível na semana 1, quando o Cardinals liderou com folga a partida inteira. Entretanto, nesse pior cenário possível, Edmonds teve 12 carregadas e 4 targets, jogando 58% dos snaps e fazendo 14.6 pontos. Se esse é o pior cenário, imagina o melhor, que é quando o Cardinals estiver correndo atrás do placar e passando muito a bola. Isso deve acontecer com alguma frequência, considerando que o time joga na divisão mais difícil da NFL e que a defesa não é boa. Eu vejo Edmonds como um D’Andre Swift um pouco mais barato e pior, mas a comunidade parece não ter percebido isso ainda. Por fim, eu me surpreenderia demais se Conner jogasse os 16 jogos do ano. Uma lesão de Conner abriria caminho para alguns jogos extraordinários de Chase.
DeVonta Smith, WR
Por que Smith só estava sendo draftado como WR35? Ora, porque ele é calouro (então não sabíamos se ele joga bem nem se seria o WR1 do time) e porque nos questionávamos se o Eagles seria um time muito run-heavy ou se Hurts seria bust. Mas agora, após a semana 1, não há mais motivos para ter Smith fora do top 30. Ele foi o WR1 dos Eagles e jogou muito bem, conquistando nota 77 no PFF no seu primeiro jogo como profissional.
Para referência, Aiyuk, Lamb e Higgins tiveram notas entre 75 e 80 no seu primeiro ano na liga. A outra questão era sobre o modo de jogo do Eagles, e o time mostrou ser muito mais pass-heavy do que pensávamos. Tentaram 35 passes e tiveram 264 jardas de passe num jogo em que lideraram com folga por muito tempo. As analytics colocaram o Eagles como um dos 15 times mais pass-heavy (ajustado para game-script) da semana 1. E sobre Hurts, não há mais tanta desconfiança.
Outros jogadores para compra
Aaron Jones (estava tendo mais de 70% dos snaps antes do Packers tirar titulares do campo), Najee Harris (100% dos snaps), Darrell Henderson (94% dos snaps), Mike Davis (75% dos snaps), Calvin Ridley (compra em baixa), Diontae Johnson (teve 10 targets ou mais em 11 dos 13 jogos em que ficou saudável desde o ano passado), Ja’Marr Chase (liderou o Bengals em rotas e snaps, já aparenta ser o WR1), DJ Chark (a defesa ruim do Jaguars forçará o ataque a passar muito a bola, e Chark e Marvin são os dois WR principais), Elijah Moore (empatou com Corey Davis em air yards, teve uma recepção de 20 jardas e uma “quaaase recepção” de 50 anuladas por faltas), Josh Allen (mesmíssima situação de 2020, compra na baixa, enfrentou defesa excelente), Lamar Jackson (compra na baixa, será obrigado a correr muito em 2021 após lesões dos RBs)
JOGADORES PARA VENDA
Venda da Semana – Robby Anderson WR
Robby teve 3 targets e 1 recepção na semana 1, mas fez 12.7 pontos porque sua recepção única foi um TD de 57 jardas. O que me assusta é o target share de 8%, especialmente se considerarmos que ele não tem muita chance de ser top 2 nesse time em targets. DJ Moore é o WR1, e McCaffrey teve 142 targets no seu último ano saudável, além de ter tido 9 na semana 1. Se a terceira opção dos ataques de Bengals, Steelers ou Buccaneers não são tão atraentes assim, o que dizer da terceira opção de um time que tem Sam Darnold de QB e deve marcar bem menos TDs?
Por fim, tenho medo da evolução de Terrace Marshall, que joga 70% dos snaps no slot e teve o dobro de targets de Robby já na sua estreia. Afinal, sabe-se que WRs calouros veem sua produção aumentar em 50% na segunda metade da temporada (comparativamente à primeira metade). Pode ser que Robby seja a quarta opção dos Panthers na época dos playoffs do fantasy.
Dak Prescott, QB
Draftei muito Dak, mas ele é um bom exemplo de venda na alta. O QB fez 32 pontos na semana 1 e continuou sua boa fase da temporada passada, mas ele não vai passar tantas vezes em todas as partidas. Até porque ele só teve 3 passes completos a menos do que o recorde da história da NFL em temporada regular. O que me preocupa é que Dak correu apenas 4 vezes para 13 jardas na semana 1. E nós sabemos que o segredo para que QBs terminem o ano com pontuação excelente é correr com a bola ou ter número absurdo de TDs.
E nós temos certeza que Dak irá esmagar no número de TDs de passe da maneira que Brady e Rodgers esmagam? Eu não tenho. Mas veja bem, eu gosto de Dak e ele é meu QB5 para o resto da temporada. Só que trocar Dak por Josh Allen, Lamar Jackson ou Russell Wilson + um troco extra seria excelente. E eu acho que nesse momento da temporada conseguir essas trades é algo bem possível.
Mike Gesicki, TE
Eu avisei! Gesicki era minha maior aposta de bust no pré-draft, sendo a provável quarta opção de passe de um ataque que não aparentava ser ultra-produtivo no jogo de passe. Após um jogo em que teve zero recepções e ficou bem atrás de Waddle e Parker em targets (Fuller ainda retornará na semana 2), esse cenário aparenta ser muito real.
O pior de tudo é que ele passou a dividir snaps com Durham Smythe, então nem mesmo é o único TE dos Dolphins nesse ano. Smythe jogou 70% dos snaps e correu rotas em 52% dos passes, enquanto Gesicki jogou 39% dos snaps (não digitei errado) e correu rotas em 59% dos passes. Esse último número, que é importantíssimo para TEs, era 73% no ano passado, e caiu 14%, estando agora fora do top 25 da NFL. Se você conseguir qualquer coisa por Gesicki, já vale a pena. Eu nem mesmo o considerei para a vigésima posição no meu ranking de TEs.
Outros jogadores para venda
Nick Chubb (52% dos snaps num jogo que o Browns liderou), David Montgomery (59% dos snaps e Damien Williams é o recebedor principal), James Robinson (Hyde teve mais carregadas e roubará muito volume), Melvin Gordon (jogou 50% dos snaps e esse número só deve cair com o amadurecimento de Javonte), DJ Moore (análise parecida com a de Robby Anderson), Deebo Samuel (torço para os Niners e duvido que ele seja a primeira opção de passes do time), Gerald Everett (dividiu snaps com Dissly e correu menos rotas que este).
RANKING PARA O RESTO DA TEMPORADA
Abaixo segue o link para o Ranking para o Resto da Temporada, dividido em prateleiras (tiers)!
https://docs.google.com/spreadsheets/d/13f2HXzXVqgOh6CQmT5tEBWfcDOI8doOOGE_q1u7FaDc/edit?usp=sharing
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