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Valor de troca e Ranking para o resto da temporada: Semana 3

“Nunca pergunte a uma mulher a sua idade. Nunca pergunte a um homem o seu salário. Nunca pergunte a mim como o Chase Edmonds jogou na semana 2.” Essa piada foi do Ian Hartitz (o analista de fantasy mais engraçado do twitter, confia), do Pro Football Focus, e eu me identifiquei demais. Eu recomendei Edmonds como compra na coluna da semana passada devido à sua utilização incrível na semana 1, mas na semana 2 ele simplesmente foi ultrapassado por Raheem Mostert como RB1 dos Dolphins.

Errei. Espero que você não tenha seguido essa dica específica (embora eu ainda ranqueie Edmonds acima de Mostert no ranking de resto de temporada), mas que tenha seguido as outras. Afinal, acertei a maioria das recomendações. Pitts e Etienne perderam valor; Andrews, Hurts, Barkley, Kirk e o ataque de passe dos Commanders mostraram que a semana 1 não foi acaso. Henderson, a Compra da Semana anterior, não caiu de prateleira nos meus rankings – ainda é o RB1 dos Rams, embora tenha dividido mais trabalho, o que não foi a maior surpresa do mundo.

Enfim, estou falando isso para ratificar mais uma vez a importância de se fazer trades no início do ano. Das minhas 9 recomendações, 7 foram acertos, 1 foi neutro e 1 foi erro. Ou seja, a grande maioria dos sinais que esses jogadores deram na semana 1 se confirmaram na semana 2. Como agora todo mundo sabe disso, a janela de oportunidade de trade não é mais a mesma de 7 dias atrás. Se na semana passada você conseguia adquirir Andrews ou Kirk relativamente barato, agora não consegue mais. Se conseguia vender Pitts ou Etienne por um preço razoável, agora conseguirá duas maria-moles em cada um. O conservadorismo para trades no início do ano custa caro.

Mas se você não fez trades ainda, nem tudo está perdido! Nesta semana, ainda há alguma janela de oportunidade. Conforme eu disse no texto do ano passado com mais aprofundamento, a transição da semana 2 para a semana 3 ainda é uma boa época para se tradear. A minha favorita no ano! Agora, o bom jogador de fantasy – isso inclui você, caro leitor do BrFF – já consegue identificar com alguma convicção as tendências que se manterão ao longo do ano, enquanto o jogador médio de fantasy ainda está inseguro de subir Amon-Ra St. Brown para o top 12 de WRs, por exemplo, ou então de descer Travis Etienne para a posição de RB30.

Enfim, a introdução de hoje será mais curta. O foco do texto de hoje é citar mais jogadores do que normalmente cito. Se você quiser ler mais sobre trades no início do ano, a introdução do segundo texto do ano passado lhe será extremamente útil.

Então vamos lá!

JOGADORES PARA COMPRA

Compra da Semana: Amon-Ra St. Brown, WR

DETROIT, MICHIGAN – DECEMBER 05: Amon-Ra St. Brown #14 of the Detroit Lions celebrates after catching a touchdown as the time expired to defeat the Minnesota Vikings 29-27 at Ford Field on December 05, 2021 in Detroit, Michigan. (Photo by Nic Antaya/Getty Images)

Antes do draft perguntava-se: “quem será o Cooper Kupp de 2022?” A resposta condescendente de todos os analistas era a mesma: “ninguém… não é todo ano que surge um Cooper Kupp”. E, olha, talvez tenha surgido

Amon-Ra St. Brown foi definido por Matt Harmon como “Bud Light Cooper Kupp”, que sugeriu que Amon-Ra era uma versão menos monstra de Kupp, mas que eram parecidos. Ele se referia à utilização dos dois, que é muito parecida. Ambos atuam no slot, são excelentes atacando zone-coverage e apenas ok atacando man-coverage. O pulo do gato é que seus times esquematizam jogadas específicas para que esses dois WRs só vejam zone-coverage e não sejam marcados mano a mano. Qual o WR que enfrenta a maior porcentagem de zona dentre suas rotas? Kupp. E o segundo? Amon-Ra.

O segundanista anotou 59.8 pontos PPR em seus dois primeiros jogos do ano – por curiosidade, Kupp anotou 60.6 nos dois primeiros de 2021. E agora sua sequência boa já se estende por 8 jogos. Desde a semana 13 do ano passado, St. Brown jogou 8 jogos e só teve menos de 11 targets num jogo, quando teve 10. Em nenhum dos oito jogos ele teve menos de 8 recepções. Anotou 8 TDs no período. Média de 26.3 pontos por jogo nesses 8 jogos. Para referência, nos últimos 4 anos, apenas 2 WRs terminaram o ano com média de mais de 24 pontos por jogo. Nenhum conseguiu média de 26 PPJ.

Joe Mixon, RB

Mixon finalmente pega passes! No ano passado, Mixon atuou como bell-cow de três descidas na semana 1, mas por algum motivo o coaching staff decidiu que o melhor pro resto do ano era colocar Samaje Perine para dividir com ele a função de RB de terceira descida. Esse ano, Mixon assumiu esse papel completamente na semana 1, mas eu quis esperar a semana 2 antes de dizer com confiança que esse papel seria dele pelo resto do ano. Após duas semanas, já tenho mais confiança de que sim. No ano passado, Mixon anotou 17.8 pontos PPR por jogo e foi o RB7 no quesito. Ele conseguiu isso correndo muito e marcando muitos TDs, mas sem pegar passes. Para esse ano, tenho plena confiança de que continuará correndo muito e de que anotará muitos TDs (tenho zero insegurança com o ataque dos Bengals). Pegar passes pode ser o diferencial entre terminar como RB7 e ficar no top 3 da posição.

CeeDee Lamb, WR

Os Cowboys estão tratando Lamb como a estrela do ataque – e deveriam! Ele não sai de campo, correndo rotas em 98% dos passes do time (número top 3 no ano). Tem target share de 29% e 37% das air yards do time. Com essa utilização e Dak Prescott saudável, eu não teria receio algum em ranquear como meu WR6/WR7 no ano (junto com Tyreek e uma prateleira acima de AJ Brown, Pittman, Deebo). Afinal, utilização de elite + QB excelente = jogador top 15 overall. No entanto, Dak não está saudável. Mas ele voltará logo: Edwin Porras acredita que será na semana 6 ou 7. Então adquirir Lamb agora significa contar com um WR do nível de Brandin Cooks (utilização elite e QB ruim) pelas próximas semanas e depois ter um superstar por uns 10 jogos. Essas 10 semanas incluem a parte mais importante do ano, os playoffs. Troquei Mike Evans (meu WR12) por Lamb numa liga sem pensar duas vezes.

Tyler Higbee, TE

Higbee começou o ano com uma utilização sensacional. Correu rotas em 88% dos passes do time e teve target share de 25% em dois jogos. Isso num time que passa muito a bola, por isso totalizou 20 targets em 2 jogos. Na posição de tight end, isso é ouro. Só faltaram os TDs, e é por isso que você ainda consegue adquirí-lo mais barato. Mas jogando nesse ataque dos Rams, é óbvio que eles virão. Acho um sinal encorajador que ele tenha tido mais de 3 targets que Allen Robinson em ambos os jogos do Rams no ano. Há uma chance – não certeza, mas chance – de ele se firmar como a segunda opção de passe de um dos melhores QBs da liga. Nesse caso, seria o TE breakout do ano. Eu daria Cole Kmet e mais um troco para obter Higbee. Acho que daria Dawson Knox por ele no 1×1. E gosto da ideia de fazer um 2×2 onde eu dou Kyle Pitts e um jogador mais fraco por Higbee e um jogador bem melhor.

Christian McCaffrey, RB

Em 2019, McCaffrey anotou 29.3 pontos por jogo. Em 2018, foram 23.9. Nos 12 que jogou entre 2020 e 2022, sua média foi de 20.6. Para referência, Jonathan Taylor anotou 21.9 pontos por jogo no ano passado. A diferença entre a melhor temporada de CMC e a temporada de Taylor em 2021 é a mesma diferença entre Ja’Marr Chase e Kendrick Bourne no ano passado. Ou seja, o teto de McCaffrey não é apenas ser o RB1 do ano. É te dar o valor do RB1 do ano somado ao valor de outro superstar. E a utilização de McCaffrey esse ano continua excelente: 87% dos snaps, 21% dos targets, 100% das corridas perto da goalline. É meio assustador que McCaffrey seja o RB9 de 2022 após duas semanas altamente decepcionantes pelo padrão McCaffrey. Enfim, você nunca conseguirá comprar McCaffrey tão barato quanto agora, então vale a tentativa.

Javonte Williams, RB

Se eu tivesse certeza que Javonte Williams teria nesse ano as oportunidades que teve no último jogo, eu teria draftado ele muito no round 2. No entanto, não fiz isso, porque acreditava que Melvin Gordon seria uma pedra no seu sapato como foi na semana 1. Enfim, Gordon foi fortemente preterido por Javonte no segundo jogo. Melvin teve mais da metade das corridas dos Broncos na semana 1 e teve apenas um terço delas na semana 2. Esteve em campo em mais da metade das terceiras descidas na semana 1 e em menos da metade na semana 2. Somando tudo, viu seus snaps caírem de 41% para 32%. Enquanto isso, Javonte passou seus snaps de 58% para 65% e foi o running back que mais correu no time. Seu número de targets no ano é de 15, número excelente. O head coach dos Broncos veio dos Packers, o que me faz acreditar que Javonte pode ser o novo Aaron Jones (sem AJ Dillon) de Nathaniel Hackett.

Brandin Cooks, WR

Essa é a compra entediante da semana. Todos os 6 jogadores citados até agora possuem potencial imenso, enquanto Cooks é um cara que estou mirando mais pelo piso do que pelo teto. O motivo é que eu acho que ele pode ter uma tonelada de targets no ano. Sua target share em 2022 é de 30%, número que se mantido lhe colocaria como top 5 na liga no quesito. Mas o grande motivo de eu estar animado para comprar Cooks é acreditar que os Texans irão passar muito a bola nesse ano. É um time que está sendo um dos 10 mais pass-heavy considerando o script de jogo. Ou seja, os Texans passam mais que o esperado para um time que está perdendo quando estão perdendo e mais do que o esperado para um time que está ganhando quando estão ganhando. E os Texans vão estar perdendo com frequência! Como vão estar perdendo, naturalmente vão passar muito a bola. Mas eles ainda passam mais a bola do que o típico time que está perdendo! Muitos passes do time + target share imensa = tonelada de targets para Cooks.

Dalvin Cook, RB

Clássico exemplo de buy-low. Cook foi draftado na primeira rodada e tem uma média de 10.7 pontos por jogo esse ano. Mas basta se aprofundar um pouquinho nas estatísticas para perceber que isso não é algo que deve se manter no futuro. Cook está jogando 75% dos snaps num ataque que deve ser muito bom (e que vai anotar muitos TDs). E ele está correndo mais rotas do que jamais correu em seus cinco anos de carreira. Esse é o efeito da comissão técnica nova. Não é surpresa, então, que ele tenha tido média de 3.8 targets por jogo no ano passado e que esteja tendo 5.5 esse ano. O único motivo de eu não estar indo all-in em Cook e o colocando como compra da semana é o seu histórico de lesões, que me assusta. No entanto, todo o resto o coloca como uma compra tão óbvia que eu não poderia deixar de citá-lo aqui. 

JOGADORES PARA VENDA

Venda da Semana: Travis Etienne, RB

Talvez você tenha reparado que eu evitei repetir os jogadores que citei na semana passada na coluna dessa semana, ainda que eu tenha a mesma opinião sobre a maioria deles – comprar Andrews, Kirk, Barkley, Hurts, Commanders; vender Pitts. Mas eu precisava reforçar a importância de vender Etienne. Ele já é meu RB31 do ano. Se o draft fosse hoje, eu só cogitaria draftá-lo no fim do round 8.

Ora, como ranqueá-lo na frente de Tony Pollard, meu RB30? Pollard jogou mais snaps que Etienne em ambos os jogos, tem maior porcentagem das corridas do time (34% para Pollard, 21% para Etienne) e tem target share maior (13% contra 11%). Pollard ainda joga num ataque superior. E caso os titulares de Jaguars e Cowboys machuquem, Pollard aumentará muito mais de valor do que Etienne. Etienne não é um RB top 30. Venda enquanto ainda consegue algum valor.

Derrick Henry, RB

Quem me acompanhou na offseason sabe que Derrick Henry foi o jogador que mais evitei nessa temporada. Henry não pega passes, então ele precisa ser um deus correndo para valer seu ADP de primeira rodada. Estamos falando dele liderar a liga em jardas corridas e TDs corridos, nada menos que isso serviria. E ele tem 28 anos, está saindo de uma lesão grave no pé, perdeu muita eficiência na última temporada aos 27 anos (pior temporada da carreira em jardas por carregada e em tackles quebrados por carregada) e o ataque dos Titans é ruim – o que significa menos TDs para Henry e mais terceiras descidas longas, onde ele sai de campo.

Nos dois primeiros jogos do ano, o ataque dos Titans realmente se mostrou horrível, Henry totalizou um único target (e zero recepções) em dois jogos e sua eficiência (aos 28 anos e saindo de lesão grave) está ainda pior que ano passado. Aliás, as analytics dizem que Henry lidera a liga em jardas corridas abaixo (eu disse abaixo) do esperado. Todd Gurley quebrou aos 24/25 anos, David Johnson quebrou aos 26/27 anos. É loucura pensar que Henry tenha quebrado aos 28? Após lesão grave no pé? Sendo um RB que rotineiramente tinha mais de 30 toques na bola num jogo?

Rashod Bateman, WR

Clássico caso de sell-high. Bateman teve um grande jogo na semana 2, mas porque teve um TD longo de 75 jardas que lhe rendeu 14.5 pontos PPR numa só jogada. Acho que se eu tivesse que explicar para alguém que nunca jogou fantasy quando é bom vender um jogador, eu simplificaria tudo e diria: se for um WR que pontuou bem por causa de um único TD longo, vale a pena vender pois ele estará supervalorizado. Especialmente se for um queridinho de todo mundo no pré-draft. Vai ter GM achando que Bateman é o breakout do ano, quando na verdade ele é um WR de 21% de target share num time que deve ser mais run-heavy do que a média da liga. E que, excluindo seu TD longo, tem média de 10.2 pontos por jogo. E que tem média de 6 targets por jogo (mais de 40 WRs tiveram isso em 2021). Além de tudo, ele correu rotas em 71% e 74% dos passes de Baltimore na semana 1 e 2, respectivamente. Esse número seria ruim até para um tight end.

Antonio Gibson, RB

Como eu odeio comitês de três running backs! É algo que mata o backfield de um time. Raríssimo, mas muito raro mesmo, que um RB de um comitê de 3 running backs termine o ano como RB top 24 no ano. E esse vai ser o caso de Gibson quando Brian Robinson voltar a jogar. Robinson já apareceu dando corridas leves nos treinos dos Commanders, e a expectativa é que ele volte na semana 5 ou 6. Quando isso acontecer, o melhor cenário possível para Gibson é ser um RB do nível de Damien Harris no fantasy. O pior cenário é ele virar um RB dropável, o que pode acontecer se Brian Robinson virar o principal corredor do time. Logo antes da temporada, havia boato forte de que isso seria o caso, lembra? Foi na época que colocaram Antonio Gibson para treinar com os special teams. RB1 de um time não é submetido a isso. 

Observações rápidas

* Tudo o que eu falei sobre McCaffrey de certa forma se aplica a Jonathan Taylor. Se você tem uma oportunidade de comprar um dos dois melhores RBs do ano com um desconto, você compra.

* Saquon Barkley pontuou mal mas continuou sendo usado da mesma forma. Continua sendo o RB3 para o resto do ano.

* Eu tenho a impressão de que poderia escrever sobre Leonard Fournette como compra usando as mesmas frases que usei para Dalvin Cook. Pontuando mal, mas sendo usado como um RB top 12. Da mesma forma, o risco de lesão me assusta.

* Ezekiel Elliott é buy-low após 2 jogos de 5 pontos. Nada tão especial sobre ele, mas Dak vai voltar e ele é o RB1 de um ataque bom.

* Josh Jacobs é aquele RB2 seguro que todo mundo ama. 80% das corridas dos Raiders são dele. Nesse ataque bom, os TDs virão. Os RBs de McDaniels sempre anotam muitos TDs.

* Não desisti de Elijah Moore. Nem de longe.

* Tom Brady e os Buccaneers estão passando muito menos do que nos últimos ano. Resultado da saída de Bruce Arians e seu ataque vertical?

* Meu top 12 de QBs continua quase idêntico ao início do ano. Ninguém subiu ou caiu de prateleira.

* A posição de TE é extremamente imprevisível no pré-draft (não sabemos como será a utilização) e fica muito esclarecida após duas semanas (utilização não deve ser tão diferente do que foi até agora). Se você está mal na posição (Kmet, Knox, Albert O, Henry, Gesicki), a prioridade número 1 do momento é torná-la decente. O texto de stream de tight ends pode te ajudar, seja para trades ou para streaming.

RANKING PARA O RESTO DA TEMPORADA

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