Categorias
Análise

Valor de troca e Ranking para o resto da temporada: Semana 7

Como prever corretamente os jogadores que serão top 12 na sua posição até o fim do ano? Essa é a pergunta de um milhão de dólares. A partir do momento que previrmos corretamente, poderemos conseguir as trades certas e colocar o máximo desses jogadores top 12 no nosso time. O problema é que é muito difícil acertar essa previsão.

É aí que entra Adam Harstad, do Football Guys, um dos mais entendidos de teoria de jogo do fantasy, ou seja, da teoria pura na sua forma mais ampla, sem entrar em nomes específicos de jogadores. Tentando responder a essa pergunta que abriu o texto, Harstad comparou a correlação entre o ADP do jogador e sua pontuação final do ano com a correlação entre a pontuação do jogador no início do ano e sua pontuação final do ano. 

Ou seja: o que é mais preditivo para o sucesso de um jogador do fantasy? A posição em que ele foi draftado (ADP) ou o quanto ele pontuou no início do ano (ranking de pontuação até agora)? Exemplificando, é tentar descobrir se o início avassalador de Clyde Edwards-Helaire é um bom preditor de que ele será bom até o fim do ano… Ou se o ADP alto de Najee Harris, de primeira rodada, indica que ele acabará se reerguendo e sendo bom jogador até o fim do ano. 

A primeira conclusão de Harstad, um tanto óbvia, é que o ADP vai se tornando menos importante do que a pontuação do jogador conforme o ano avança. E faz todo o sentido. Afinal, se um jogador é um dos 5 maiores pontuadores do ano após a semana 1, não significa que ele será sensacional. Se ele é um dos 5 maiores pontuadores do ano até então ao fim da semana 12, já podemos apostar que ele terminará o ano bem. 

E quando a chave vira? Ou seja, qual o momento em que a pontuação até então passa a ser melhor preditiva do que o ADP para o futuro de um jogador?

A resposta é que é após a semana 4. Harstad concluiu que após a semana 4 o ADP e o ranking de pontuação de um jogador (por exemplo, ser o RB7 até então) são igualmente preditivos para o resto do ano deste jogador. O “R”, coeficiente que mede correlação entre dois cenários, foi de 0.55 para ADP e pontuação final e de 0.55 para pontuação até então (após semana 4) e pontuação final. Curiosamente, se você fizer a média entre o ADP e a pontuação até então – por exemplo, um RB draftado como RB10 que até então é o RB2 em pontuação tem esta média sendo RB6 – o R é de 0.73, bem maior. 

Temos duas conclusões importantes aqui. A primeira é que o ADP é, sim, importante, assim como a pontuação até então, e que analisar esses dois fatores juntos te darão uma precisão muito boa para afirmar como o jogador termina até o fim do ano. 

A segunda conclusão, que é a mais importante e é o motivo de eu ter escolhido esse tema para ser a introdução de hoje, é que pontuação até então já é um preditor melhor que ADP após a semana 6. Hoje, após a semana 6, o ADP prevê muito mal quais jogadores serão bons até o fim do ano, e a pontuação até então é muito mais precisa ao fazer tal previsão.

Portanto, não tenha medo de ignorar o ADP ao analisar o prognóstico de um jogador para o fim do ano. Não tenha medo de ranquear Najee Harris como um RB2 médio, ou Kyle Pitts como TE8-10, ou de colocar DJ Moore como WR40. Neste momento do ano, ranquear dessa forma é exatamente o que você deveria fazer. Afinal já é provado, estatisticamente, que produção até então prevê melhor a pontuação até o fim do ano do que o ADP.

Gosto desse tema para a introdução pois acho um dos grandes dilemas do fantasy. Quando apostar num “comeback do jogador” e quando definir que vai ser bust daqui para frente. Eu, particularmente, por muitos anos pequei por ser excessivamente paciente. Se algum leitor também é assim atualmente, espero que ler a introdução possa ter ajudado.

Agora vamos aos nomes da semana!

JOGADORES PARA COMPRA

Compra da Semana: Chris Godwin, WR

Godwin está oficialmente de volta. Nos seus 3 primeiros jogos desde a volta da lesão – quando ainda não está 100% bem fisicamente -, o WR marcou 12.9, 12.3 e 15.5 pontos. Ou seja, uma média de 13,5 pontos… Isso sem marcar nenhum touchdown! É realmente impressionante: nos três primeiros jogos, sem marcar touchdown, Godwin tem uma média de pontos que lhe colocaria como WR2 médio no ano. 

E os touchdowns estão vindo, com toda a certeza. Nos últimos 4 anos, Godwin tem uma média de 0,5 touchdown por jogo, o que significa 3 pontos a mais provenientes de TDs por partida. Caso ele tivesse marcado 1,5 TDs nos 3 jogos que jogou, sua média de pontos por jogo teria sido de 16.5, que é número de WR top 12.

Acho que Godwin tem boa chance de ser WR top 12 no resto do ano. Até porque Brady em Tampa Bay sempre tem fornecido boa produção para seus WRs: no ano passado, Antonio Brown foi o WR7 em pontos por jogo, Godwin foi o WR8 e Evans foi o WR11. Neste ano, o ataque está ligeiramente pior – embora ainda continue liderando a liga em volume de passe -, mas a competição está definitivamente menor com as ausências de Brown e Gronk.

Joe Mixon, RB

Mixon lidera a liga em expected fantasy points. Isso significa que seu volume, ajustado para carregadas, targets e toques na goal-line, é o maior entre os RBs da NFL. No entanto, ele é “apenas” o RB12 do fantasy, mesmo quando está tendo azar incrível no quesito eficiência e touchdowns. E azar é a palavra correta mesmo. O esperado, considerando suas carregadas na goal-line, era que ele tivesse 5.0 TDs no ano, e ele tem 1. Também é muito azar que os Bengals tenham 12 TDs de passe e apenas 1 TD corrido de RB. Está vindo uma regressão à média por aí, e uma regressão forte, considerando que no ano passado 30% dos TDs do Bengals foram corridos. Enfim, se Mixon tivesse eficiência na média da liga, ou seja, pontuasse exatamente o que seu volume indica, ele seria o RB2 do ano empatado com Saquon Barkley. E eu acho que a má eficiência vai acabar, por dois motivos: o primeiro é que esse número é imprevisível e é muito sujeito a regredir à média; o segundo é que, no ano passado, o mesmo Joe Mixon no mesmo ataque teve eficiência de 1.9 pontos por jogo a mais do que seu volume indicou. Se Mixon tivesse a eficiência do ano passado com o volume desse ano (está pegando muito mais passes), ele teria mais pontos por jogo que Jonathan Taylor em 2021.

Rondale Moore, WR

O espaço amostral já é grande o suficiente para concluirmos que o slot WR dos Cardinals é bom para fantasy. Em 6 jogos, o slot WR dos Cardinals (Dortch nas semana 1 a 3, Rondale nas semanas 4 a 6) pontuou 73,5 pontos totais, média de 12,2 por jogo. Isso é número de WR30. E atualmente esse papel é exclusivamente de Rondale Moore, que jogou 86%, 91% e 99% dos snaps nas últimas 3 semanas enquanto Dortch jogou 36%, 3% e 6%. Rondale  está sendo usado como um slot WR de verdade, correndo rotas de um slot receiver e não apenas screens e gadget plays como no ano passado. Para o futuro, Marquise Brown está fora e DeAndre Hopkins e Robbie Anderson chegaram ao time. Robbie não disputa os mesmos targets que Rondale, e eu acho que Hopkins não produzirá como Marquise Brown vinha produzindo (é o WR5 do ano), portanto essas mudanças não me assustam. Moore também é excelente compra para Dynasty.

Kyler Murray, QB

Estamos vendo o piso de Kyler Murray. O ataque dos Cardinals está disfuncional, Hopkins estava ausente, Kliff Kingsbury ainda não foi demitido… E, para piorar, Kyler começou o ano correndo menos do que em todos os anos de sua carreira. Ainda assim, é o QB6 da temporada. O piso de Kyler Murray é ser o QB6. E eu vejo muito potencial para melhora. Hopkins está de volta, Kliff pode ser demitido – ou melhorar o plano de jogo ao nível menos pior dos últimos anos -, o ataque agora não precisará mais de AJ Green após a chegada do superior Robbie Anderson. Mas o mais importante de tudo é que Kyler começou a correr mais com a bola recentemente. Até a semana 5, Kyler não tinha tido 30 jardas corridas em nenhuma partida do ano. Na semana 5, foram 42. Na semana 6, 100. As corridas são fundamentais para que, quem sabe, Kyler volte a produzir como já produziu, sendo um QB de 23.8 pontos por jogo numa temporada.

Amari Cooper, WR

Se tem uma coisa que eu nunca esperaria fazer na vida é elencar Amari Cooper como compra nessa coluna. Mas cá estamos, e conforme eu disse na introdução, é hora de esquecer o ADP e concentrar na produção (e estatísticas de utilização) até aqui. Cooper é o WR10 no ano, tem target share de 28%, 38% das air yards (targets são mais longos que o normal) e 38% dos targets na endzone dos Browns. Tão importante quanto tudo isso é o fato de que Deshaun Watson volta na semana 13. Ou seja, até o final do fantasy, Cooper joga 5 jogos com Jacoby Brissett e 5 jogos (os mais importantes, nos playoffs) com Deshaun Watson. Historicamente, Watson gosta de dar muito volume para o seu WR1. Foi assim com DeAndre Hopkins, que é craque, mas também foi assim com Will Fuller, que nunca demonstrou nível de WR1, mas foi top 12 quando Hopkins estava fora do time e Watson era o QB.

Jonathan Taylor, RB

Taylor foi o RB1 no ano passado e está tendo mais volume nesse ano do que em 2021. Esse ano são 20,2 carregadas por jogo e 4,0 targets por partida, enquanto no ano passado foram 19,5 carregadas por jogo e 3,0 targets por partida. A diferença está sendo eficiência. Um pouco disso se deve a uma linha ofensiva pior em Indianapolis, mas um pouco disso é puro azar. Taylor deveria ter marcado 2.6 TDs nessa temporada segundo seu volume, e marcou apenas 1. Mais do que isso, também está tendo azar que os Colts não estão tendo muitas jogadas perto da goal-line, a 5 jardas ou menos, o que lhe faz ter menos possibilidade de carregadas para TDs. E isso é um azar dos grandes. Mas a prova de que é somente casualidade é que nos dois jogos que perdeu Deon Jackson teve várias carregadas na goal-line. Aliás, se Deon Jackson fez 28 pontos, quantos pontos Taylor teria feito? Jonathan Taylor ainda é um RB top 3 para o resto do ano.

DK Metcalf, WR

Uma temática muito explorada aqui está sendo a regressão a média. E Metcalf é outro que deve ser beneficiado por essa regressão. O wide receiver está tendo 64% dos targets na endzone do Seahawks, mas só tem 2 TDs no ano. O esperado pelo seu número de targets na endzone é que ele tivesse 4… E se o volume indica que um WR normal deveria ter 4, dá até para dizer que DK freaking Metcalf poderia ter 5 ou mais. É, sou fã do cara, mas os números estão do meu lado. Esses 2 TDs a mais lhe colocariam como um WR top 12 na temporada. E tudo fica ainda mais interessante quando você percebe que o ataque dos Seahawks mudou muito da semana 3 em diante, quando passou a jogar em ritmo mais rápido e a passar mais a bola. Desde essa mudança no ataque do Seahawks é que DK começou a produzir bem. Desde então sua média de pontuação – mesmo com azar no quesito TDs – é de WR top 12.

JOGADORES PARA VENDA

Venda da Semana: Dalton Schultz, TE

Primeiramente, afirmo que nessa semana nenhum jogador me chamou atenção como uma venda importante que eu deveria citar aqui. Então resolvi citar Schultz, um jogador que é uma prioridade de venda minhas em todas as ligas que o possuo. O motivo principal é a lesão: ele teve uma lesão parcial de PCL, que é uma lesão que irá afetar o seu desempenho atlético ainda que lhe permita estar em campo. É a mesma lesão que Ezekiel Elliott sofreu no ano passado.

Schultz voltou a campo mas não parecia o mesmo. Não estava mais pontuando bem nem puxando muitos targets. O pior de tudo é que a lesão se agravou logo antes da última partida, deixando-o fora de jogo. Não sei quando ele volta, e, se voltar, não creio que vá ser em alto nível. Portanto, eu recomendo que você aproveite a volta de Dak Prescott como uma oportunidade de venda. De qualquer forma, acredito que não valha gastar uma vaga no elenco com Schultz, que pode demorar a voltar e, mesmo quando voltar, talvez não tenha nível de titular de fantasy.

Outros jogadores lesionados

Percebi que nessa semana realmente estou tendo dificuldade para indicar jogadores para venda. E que a maioria dos que quero vender são os lesionados: Keenan Allen, Rashod Bateman, Darren Waller, Michael Thomas

Minha experiência de fantasy já me ensinou a evitar comprar jogadores lesionados. Por muitos anos, eu comprei jogadores lesionados (custando barato) naqueles meus times que começavam 4-2 ou 5-1, e em infinitas vezes isso me prejudicou. Muitas vezes eles não voltam no tempo previsto, e frequentemente voltam em baixo nível quando voltam. Pior, você ainda tem que gastar uma vaga do banco esperando eles voltarem. 

Desde então, evito comprar jogadores lesionados, exceto em alguns casos muito específicos. Por isso quero vender Bateman e Thomas, dois lesionados que eu já considerava jogadores para venda mesmo antes de se lesionarem; Keenan Allen, que pode demorar muito tempo ainda para voltar, ninguém sabe ao certo; Darren Waller, que deve voltar em breve, mas penso que há chance de Foster Moreau ter crescido e roubar alguns snaps dele quando voltar (os dois praticamente já dividiram snaps nas semanas 2 e 3).

Observações rápidas

Hoje são só três:

* Breece Hall é um RB league-winner.

* Josh Jacobs é um RB league-winner.

* Dameon Pierce é um RB league-winner.

RANKING PARA O RESTO DA TEMPORADA:

Abaixo meu ranking para o resto da temporada, que está dividido em prateleiras (tiers)!

https://docs.google.com/spreadsheets/d/11olJ17B3g-eiKySx-SvckvoOKzXBcfT-gNctkaA-NaA/edit#gid=98748996

Por Caio Brettas

Brettas é um amante de fantasy obcecado por trades. Se especializa em estratégia de draft e projeções. Torcedor do 49ers, nomeia todos seus times “CaioShanahan” e também mexe com apostas esportivas.